de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Domingo, 13 Abril , 2008, 12:50



A MINHA HOMENAGEM
A colocação de um filho nos Açores, como professor, permitiu-me sentir, na pele e no espírito, a realidade da ausência. Eu sei que hoje a vida obriga a isso, como outrora obrigava à emigração, quantas vezes sem regresso. Não é o caso. Os Açores são Portugal, indubitavelmente. Pelas suas ilhas, que eu saiba, não há sinais de independência nem mal-estar em relação ao "continente" e aos "continentais".
A minha homenagem vai, então, para quantos, deixando o seu meio, são obrigados, por força das circunstâncias e por necessidade de trabalho, a dar um salto até aos Açores.
Fotos: De cima para baixo: Baleia a mergulhar, Angra do Heroísmo, Marina da Horta.

Editado por Fernando Martins | Domingo, 13 Abril , 2008, 12:46

A Vocação

1. A palavra “vocação” conduz-nos pelo sentido de uma “chamada”. Mas para esta ser atendida e escutada devidamente exige as justas condições de sintonia e identificação. Talvez, em tempos de uma certa sobrevivência apressada, a palavra “vocação” contenha hoje das dinâmicas mais importantes. Vale a pena começar por ir ao dicionário: «Vocação: s.f.: acto de ser chamado para um determinado fim; inclinação e predisposição para um certo género de vida, profissão, estudo ou arte; tendência; talento; jeito» (dicionário da língua portuguesa). Não é de forma instantânea e fácil que se obtém a plena realização humana; quantas vocações pessoais e profissionais são “aprendidas” ao longo do caminho da vida. Mas também esse sentir-se chamado a algo não se pode situar meramente naquilo que é o “si mesmo”, pois quando se diz que um profissional tem mesmo vocação para esta ou aquela forma de vida é porque serve bem a comunidade. Consciência de vocação é (viver para o) serviço.
2. Já quando as coisas estão desajeitadas, quando ‘a bota não dá com a perdigota’, pode-se ter motivo para dizer que não existe uma identificação plena e realizante com a função que se desempenha, ou então existem outros fins que não o serviço. Outras circunstâncias também existem de vocações (a determinadas profissões bem vistas socialmente ou a certas formas de vida do âmbito da conjugalidade) que, na onda do hábito, pesam mais pelo factor social que por uma opção consciente e escutada profundamente. A este propósito, por vezes, pode haver razão para se dizer, por exemplo, quantos casamentos realizados sem uma inteira vocação, sem levar inteiramente à consciência aquilo por que se opta...(?) Quantas vezes a superficialidade do mais fácil faz com que não se tenha mergulhado nas águas profundas do ser para se conhecer a si mesmo e iluminar na recta consciência os projectos de vida com as suas exigências…(?)
3. Um grande enriquecimento será a capacidade de se ir aprofundando todos os dias a sua própria vocação, o mesmo será dizer, ir pensando a vida e discernindo os caminhos do futuro. Este, hoje, é um valor fundamental que proporciona a identificação da vida de cada dia com o ideal sempre mais elevado que se procura. Sem a sabedoria desta viajem pode-se cristalizar no tempo, deixando apagar a luz interior que comanda uma vida com sentido. Talvez a sociedade, mais do que nunca, precise de uma reflexão transversal e estimulante sobre a vocação à vida e ao serviço, sobre o lugar das diversas vocações humanas e existenciais como riqueza espiritual e opcional de ser humano. Sendo que, por vezes, quando se fala do conceito “vocação” se leva (errada pois) exclusivamente para o campo do religioso, também talvez tal aconteça porque se lhe reconhece grandeza humana e espiritual que está bem acima das coisas práticas. Uma aspiração/convite a todos!
4. Na semana passada a Igreja Católica propôs-se à coragem de reflectir (45ª Semana), em todo o mundo, a problemática das vocações. Profetismo de renovação estrutural à luz do “essencial” ou simples manutenção de modelos? (Por exemplo: que concepção/acção ainda existe em relação ao “lugar” da mulher na Igreja? A sociedade ensina…) Claro que para quem quer “ver” é verdade inadiável, neste tempo, a aprendizagem do pluralismo no contexto das vocações como serviço dedicado à comunidade. Nada de novo que continua sendo tarde… Tudo depende (ou não) do querer, pelo menos, reflectir o futuro! Tem-se dado preferência ao passado…

Editado por Fernando Martins | Domingo, 13 Abril , 2008, 11:00
Do museu paroquial da Gafanha da Nazaré

"Considerando que a expressão cultural da religiosidade, enquanto dimensão humana universalmente presente, constitui um dos mais importantes componentes do património no mundo actual, e é uma das principais marcas da paisagem cultural portuguesa, propõe-se, no dia 18 de Abril de 2008, dedicar um olhar especial ao património religioso e aos espaços sagrados nas suas múltiplas dimensões - humana, social, cultural, simbólica e memorial."
NOTA: No dia 18 de Abril, Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, teremos, se quisermos, uma excelente oportunidade para reflectir sobre o nosso Património Histórico, de expressão religiosa ou outra. É sabido que as comunidades nem sempre estão vocacionadas para cuidarem e olharem para a riqueza cultural que integram no seu seio. E porque assim é, considero de fundamental importância a constituição de núcleos ligados às escolas, autarquias e demais instituições e entidades, com o objectivo, essencial, de preservar e divulgar o Património Histórico, marca indelével do passado e garantia cultural do presente e do futuro.
FM

Editado por Fernando Martins | Domingo, 13 Abril , 2008, 10:33
A "casinha" da escola da Ti Zefa

AS CASAS DE BANHO

Caríssima/o:

Não é por acaso que hoje se mede a eficiência das autarquias pelos serviços de água e de saneamento. Curiosamente este até é o ano da água; e talvez ainda mais curioso é a ostentação da garrafinha para se ir bebericando o precioso e caro líquido.

Mas nem sempre foi assim. No nosso tempo de meninos e moços era vulgar matar a sede com a água que ficava pelas valetas e até pelas poças, afastando os ciscos e um ou outro peixe-sapo! Note-se que a água era límpida e corrente...

Quanto ao saneamento, bem: tenho dito!
Quer dizer: a terra consumia os dejectos que nela se lançavam. Pode dizer-se que havia equilíbrio biológico. Estava em voga aquela máxima: “nada se cria, nada se perde, tudo se transforma!” Tudo era reciclável!
Claro, de quando em vez, havia uma epidemia... [coisas do passado; hoje não as há, apenas endemias!]... que “limpava o sarampo” a uns/umas tantos/as.
Isto a propósito das “casas de banho”, propriamente chamadas “casinhas”.
- Senhor/a Professor/a, posso ir à casinha?- suplicava-se em ocasião de manifesta dificuldade.
E não é que numa dessas escolas era mesmo uma casinha de tábuas carcomidas e sem pintura? Aí fica a fotografia (creio que o Ângelo ainda se lembrará; já tem uns anitos: 1960!) e os comentários... por tecer.
Nas outras escolas a “desgraça” não era tanta, mas a higiene e a limpeza faziam-lhe parelha.

Este era, também e logicamente, o retrato do que se passava na maior parte das habitações da nossa terra; que nos lembremos que os campos de milho eram o mais frequentado quarto de banho dos nossos areais.

[ Seria interessante e muito proveitoso que outros/as participassem com as suas achegas, como alguns já fizeram. Atingir-se-ia mais exactidão e maior riqueza de pormenores. Os anos vão passando e há coisas que nos parecem incríveis... Com o meu abraço grato, aqui fica novamente o pedido: o espaço é vosso!]

Manuel

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