de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 01 Abril , 2008, 18:54







DR. JOSUÉ DA CRUZ RIBAU

No baú das minhas memórias há muitas gavetas, qual delas a mais interessante. Há uma, porém, que ocupa o lugar mais importante e que me faz reviver gratas recordações: é ela a das pessoas com quem me cruzei ao longo da vida ou de quem ouvi falar com enlevo.
Por vontade própria, dedicaria, se pudesse, todo o meu tempo a trazer até ao presente essas memórias, por entender que não podem perder-se. Hoje recordo um homem que morreu jovem, de quem muito ouvi palavras de simpatia ditadas por pessoas que o conheceram mais de perto. Trata-se do Dr. Josué da Cruz Ribau. Os seus familiares, que dele guardam terna memória, evocam-no sempre quando a conversa nos conduz a tempos de há uns 60 anos.

Josué da Cruz Ribau nasceu, curiosamente, no dia 1 de Abril de 1916. Hoje, se fosse vivo, estaria a celebrar o seu 92.º aniversário. Era filho de Manuel Ribau Novo e de Maria da Cruz, esta de Seixo de Mira, sendo irmão de Madalena e do padre Diamantino.
Fez a instrução primária na Gafanha da Nazaré e estudou no Liceu de Aveiro. Foi bom aluno, como reza a tradição e salienta a família, ingressando depois na Universidade de Coimbra, onde se licenciou em Matemática.
O Certificado da mesma Universidade diz, textualmente, que se licenciou em “Ciências Matemáticas", em 26 de Julho de 1940, com o “exame de Geometria Superior", tendo-lhe sido votada, em conselho da Faculdade, "a informação final de bom com catorze valores”.
Foi, tanto quanto se sabe, professor no Liceu de Aveiro e ainda hoje é recordado pela sua simplicidade e inteligência.
Conheci, pessoalmente, a biblioteca de sua casa, onde li, na minha juventude, muitos livros que o Dr. Josué deve ter apreciado. Essa biblioteca tinha a marca de seu pai, homem marcante na sua geração. Era agricultor de profissão. “Porém – como reza o livro ‘Gafanha: N.ª S.ª da Nazaré’ – a sua qualidade de ‘Louvado do Estado’ ocupava-lhe muito tempo pois ‘corria com muitos inventários’ e procedia a muitas avaliações, não só na Gafanha mas também em povoações mais ou menos próximas.”
Manuel Ribau Novo foi um dos mais dinâmicos responsáveis pela construção da igreja matriz da Gafanha da Nazaré, inaugurada em 1912, e um entusiasta pela leitura da Bíblia. Tinha, inclusive, uma edição bilingue (português e latim), com tradução do Padre António Pereira de Figueiredo, datada de 1852. Ainda hoje, ao manuseá-la, recordo as vezes em que nela li passagens que me encantaram, coisa rara, no meu tempo de jovem, em que a Palavra de Deus era mais ouvida que lida.
Dessa biblioteca recordo autores que então me entusiasmavam: Júlio Verne, Silva Gaio, Camilo, Eça, Júlio Dinis e até Santo Agostinho, entre outros, que não posso recordar com precisão. Algumas obras continham anotações do Dr. Josué e de seu irmão, o Padre Diamantino. Este irmão do Dr. Josué também morreu novo, com doença pulmonar. Diz-se que não procurou cura, por acreditar ser essa a vontade de Deus.
Sobre as suas leituras, contaram-me que era muito escrupuloso, procurando respeitar os preceitos da Igreja católica, no que diz respeito a livros então proibidos. Escreveu, por isso, ao Bispo de Coimbra, pedindo autorização para ler uma obra do Índex. O Bispo ter-lhe-á recomendado que talvez fosse melhor envolver-se mais nas leituras relacionadas com os seus estudos.
O Dr. Josué era um doente epiléptico. Conhecedor da sua doença, ao sentir as crises, pedia sempre que o ajudassem nessas alturas. Nem por isso, contudo, deixou de ser um rapaz do seu tempo, convivendo com amigos e amigas. Talvez pela doença, não chegou a casar.
De uma fotografia antiga, foi possível identificar José do Rei e seu irmão Manuel, ainda vivo, Manuel Catraio, Acúrcio Freitas. Mas também convivia com seu primo, o Dr. Maximiano Ribau, felizmente ainda vivo, licenciado em Medicina pela Universidade do Porto, em 1940. Cultivava a música, tocando guitarra, decerto para animar os convivas, com as melodias de Coimbra, baladas e fados, em tempos sem TV e sem Rádios.
Em homenagem à sua memória, a Gafanha da Nazaré baptizou uma rua com o seu nome.
Fernando Martins

Nota: As informações aqui descritas, de forma sintética, são das minhas memórias e de conversas com familiares do Dr. Josué Ribau. Qualquer correcção, que entretanto me chegue, será de imediato aqui transcrita, em abono da verdade.
FM

Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 01 Abril , 2008, 17:32
Dr. Jorge Sampaio


Uma Aliança Mundial Diária

1. Cresce a consciência de que pertencemos a um mesmo mundo e que nenhuma das pessoas vive isolada. Mesmo para os pensamentos mais críticos, a interdependência é hoje um factor inalienável, numa nova consciência de ideais e valores em que “cada pessoa que se eleva, eleva a própria humanidade”. O contrário, infelizmente, também é verdade: cada ofensa ao “outro”, ao património comum ou a si mesmo, empobrece a mesma humanidade. Esta consciência planetária está aí, todos os dias, entra pelos olhos dentro; ora perturba, ora fascina. Todas as formas de comunicar trazem consigo essa dupla face da moeda humana, a verdade no melhor e no prior. Diante da super abundância da informação, provinda de todos os lados pelas tecnologias da informação (que nos ultrapassam e nos fazem sentir pequenos…), os desafios são ainda maiores. Mais potencialidades, maiores responsabilidades.
2. Tem sido realizado um caminho ao encontro da reunificação (na diversidade) da Humanidade. O séc. XX trouxe consigo, após as grandes guerras na Europa, uma nova consciência universalista, tolerante e acolhedora, espelhada na Declaração Universal dos Direitos Humanos (10 Dezembro 1948). Esta “nova contagem” do tempo humano abre a “era da globalização” e multiplica os laços de esforço ético e corresponsável diante do futuro. Entre tantas e diversas referências, apresentamos algumas daí decorrentes: Declaração para uma Ética Global (1993, Parlamento das Religiões do Mundo em Chicago); Projecto de Ética Universal (em redacção pelo departamento de Filosofia e Ética da UNESCO); criação da Fundação de Ética Mundial (1995, com a liderança de Hans Küng); Declaração Universal para a Responsabilidade Humana (1997, redigida em Viena pelo Interaction Council Congress); Carta da Terra (1999 – 2002, Aliança Internacional de Jornalistas e co-redigida pelo Conselho da Terra e Cruz Verde Internacional); criação da Aliança de Civilizações da ONU (2005).
3. A Aliança das Civilizações foi iniciativa lançada em Agosto de 2005 por Kofi Annan e com o co-patrocínio da Espanha e Turquia, tendo sido nomeado o cidadão Jorge Sampaio como Alto-Representante da ONU (a 14 Julho 2007) (amanhã, 2008-04-02, na Universidade de Aveiro). Em Janeiro passado, neste 2008 - Ano Europeu para o Diálogo Intercultural, decorreu em Espanha o 1º Fórum da Aliança das Civilizações, na procura intensificadora da “apresentação de iniciativas e projectos de alto nível para fomentar o diálogo intercultural”. Os esforços estão aí, como resposta às problemáticas do encontro “inédito” do sentir e exprimir humano do mundo pós-11 de Setembro. Nunca estivemos “tão perto”; mas nunca como hoje esse encontro da proximidade faz brotar novos e decisivos desafios. Todos os diálogos são essenciais. Todos os dias, das maiores às mais pequenas coisas da vida…

Alexandre Cruz

Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 01 Abril , 2008, 14:16


Na próxima quinta-feira, 3 de Abril, assinalam-se os 200 anos da abertura da Barra de Aveiro, efeméride que será condignamente comemorada. O primeiro acto terá início às 16 horas, no edifício da Antiga Capitania, procedendo-se ao lançamento da obra “Porto de Aveiro: Entre a Terra e o Mar”.
A apresentação do livro estará a cargo de Veloso Gomes, professor universitário, engenheiro hidráulico, e da autora da obra, Inês Amorim, professora de História na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Segue-se a inauguração de uma exposição de cartografia, intitulada «A Barra e os Portos da Ria de Aveiro 1808 – 1932, no Arquivo Histórico da Administração do Porto de Aveiro», que ficará patente na antiga Capitania do porto de Aveiro até 3 de Maio.
A historiadora Inês Amorim e o Prof. Doutor João Garcia foram os responsáveis científicos pela equipa que, durante mais de um ano, inventariou parte do espólio do arquivo do Porto de Aveiro. O segundo acto inicia-se às 18 horas, na Praia do Farol, com a recepção dos convidados e um Welcome Drink. Às sete da tarde, hora que os registos históricos indicam como tendo sido a da abertura da Barra de Aveiro, ouvir-se-á a Ronca do Farol.
Seguem-se “Honras a Terra”, por navios da Marinha Portuguesa. 15 minutos mais tarde, interpretação da peça musical inédita, concebida especialmente para este acto. A peça musical de ode ao bicentenário, será entoada pelo Coro da Casa do Pessoal do Porto de Aveiro, acompanhado de quinteto de sopro.
Dez minutos depois, o Ministro Mário Lino, o Presidente da APA, José Luís Cacho e o Presidente do Município de Ílhavo e da Associação de Municípios da Ria, Engº. Ribau Esteves proferirão discursos celebrativos da data.
Haverá ainda lugar à evocação de cartas alusivas à abertura da Barra de Aveiro, textos da autoria de Luís Gomes de Carvalho. Este segundo acto concluir-se-á cerca das 20 horas com a inauguração de um painel cerâmico de exterior, da autoria do artista aveirense Zé Augusto, e com a entrega dos prémios aos vencedores do concurso de fotografia “Porto de Encontro”.
O terceiro acto cumpre-se com um concerto pela Banda da Armada. Início previsto para as 21h 30m, no Centro Cultural e de Congressos de Aveiro. O concerto é aberto a toda a comunidade.

Fonte: Portal do Porto de Aveiro

Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 01 Abril , 2008, 12:24



Foi inaugurado, há dias, o Centro Cultural de Ílhavo. Não pude estar presente, como gostaria, mas não deixei de passar por lá, precisamente ontem. Não me foi possível entrar, mas apreciei-o por fora. Gostei do que vi. Um dia destes hei-de voltar para o ver por dentro. Deve ser obra digna de Ílhavo. Também concordo com a localização. Sei que não faltaram propostas, há anos, para o construir noutro local, mais desviado do centro, mas ali é que está bem. Os equipamentos sociais e culturais devem estar no centro das povoações. Junto das pessoas. Ao jeito de porta aberta, como quem convida a entrar. Desviar os centros culturais para as periferias é um crime. O que importa, agora, para além de todas as quezílias, é dar-lhe vida. Escancarando as portas a iniciativas várias, com acções e projectos inovadores, e atraindo os jovens de todas as idades, Ílhavo pode orgulhar-se do seu Centro Cultural. E não lhe falta o largo, qual centro cívico, para eventos destinados a muita gente.
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Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 01 Abril , 2008, 12:20

É um verdadeiro companheiro de viagem. Um guia vivo sem o mais pequeno estrago do tempo.Com voz clara, desenho perfeito do caminho a percorrer. À distância certa da origem e da parusia, do grande encontro, do reencontro da humanidade com Deus no seu projecto, do eterno regresso à casa, ou melhor, aos braços do Pai. Uma estrada de Emaús com pão repartido antes de chegar à mesa. É o Livro dos Actos.
As primeiras comunidades cristãs são o modelo certo e o estímulo preciso para todos os tempos e mudanças. Mesmo com outra contagem do tempo ou enquadramento religioso e cultural.
Tudo o que lá se encontra revela uma experiência, uma doutrina feita vida, a prática comunitária do projecto de Jesus. Venham, depois, os adereços da história os contextos que parecem tudo redoutrinar. Os Actos são o exemplo acabado do essencial que desafia todos os acessórios. São um tratado de Igreja viva situada no mundo real e alimentada pela projecção do Espírito para além dos tempos. Constituem a experiência da grande novidade do Evangelho em impacto frontal com as culturas, religiões, crenças, éticas, raças, estilos, filosofias de vida. Os Actos acabam por constituir a mais forte das doutrinas e o mais encarnado dos credos. Na oração, na palavra, na partilha do pão e dos bens, na reconciliação e no projecto da vida comunitária a partir da Ressurreição. Primeiro e último mandamento são argumento e testemunho, impulso e consequência, morte e ressurreição, festa e desejo insaciado do último passo da história.
Que tem tudo isto a ver com o nosso tempo cheio de contas, cálculos, tecnologias, competitividade, pressas do imediato, eficácia como critério e direito de sobrevivência à mistura com o profundo desejo de infinito e o deslumbramento pela figura de Jesus?
Os Actos remetem-nos para uma nova lógica do homem e de Deus.Com a bandeira da ressurreição e o impulso de quem descobriu a Boa Nova espanta o mundo inteiro, escandaliza os poderosos, surpreende os indiferentes, arrasta os apaixonados, alenta os fracos. Livro de bolso de qualquer cristão, vai oferecendo o rosto de Jesus sem a mais leve ruga de propaganda ou proselitismo. Revelando o ângulo de claridade que está para além de todas as palavras.
António Rego
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Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 01 Abril , 2008, 12:18

ÁPICE

O raio de sol da tarde
Que uma janela perdida
Reflectiu
Num instante indiferente –
Arde
Numa lembrança esvaída,
À minha memória de hoje
Subitamente…

Seu efémero arrepio
Zig-zagueia, ondula, foge,
Pela minha retentiva…
– E não poder adivinhar
Porque mistério se me evoca
Esta ideia fugitiva,
Tão débil que mal me toca!...

– Ah, não sei porquê, mas certamente
Aquele raio cadente
Alguma coisa foi a minha sorte
Que a sua projecção atravessou…

Tanto segredo no destino duma vida…

É como a ideia de Norte,
Preconcebida,
Que sempre me acompanhou…

Mário de Sá-Carneiro
Paris, Agosto 1915
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Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 01 Abril , 2008, 11:51

Confesso que, às vezes, sinto que já não me devia surpreender com algumas coisas que oiço e vejo, mas, de quando em quando, lá vem a surpresa, boa ou má. No caso concreto a surpresa da superficialidade com que algumas pessoas abordam certos assuntos.
Quem procede assim, tende a acreditar que já sabe tudo da vida e a predisposição para a arrogância e a intolerância é elevada. Têm um fraquinho para julgar e avaliar (?) os outros pelas aparências e conveniências, dando crédito a tudo o que ouvem, através dos seus círculos mais próximos.
Não estou a inventar nada que as ciências dos comportamentos já não tenham dito escrito e demonstrado.
No passada reflexão que escrevi, com título “Hoje, houve bronca na missa!”, referi-me a uma situação, que deve indignar qualquer cristão, e que está associada a autênticos dramas humanos de pobreza, vividos numa freguesia da Arquidiocese de Braga, em contraponto com o luxo e a ostentação que alguns – poucos – habitantes, da mesma freguesia, exibem, em tom provocatório, até para a própria Igreja, como foi o caso.
Pois bem, um amigo e leitor deste blogue fez o favor de me contactar, amavelmente, ao mesmo tempo que, a dado passo da conversa, me deixava um aviso:
- Hoje, quase só não trabalha quem não quer! Isto, agora, é só malandros!
É verdade que já não é a primeira vez que oiço este género de afirmações, mesmo de pessoas ditas piedosas, mas, convenhamos, será que estamos num país em que cerca de dois milhões de pessoas preferem serem pobres ou andamos todos enganados?
Não sou especialista em coisa nenhuma e muito menos em assuntos de pobreza, cuja realidade é complexa e multifacetada – como refere a Mensagem da Comissão Nacional Justiça e Paz, para a Páscoa de 2008, com o título “Escutar o clamor dos pobres.” Andava no site da Agência Ecclesia e encontro uma mensagem redigida pela C.J.P., da própria Arquidiocese de Braga, assinada pelo seu Presidente, Bernardino Silva . Desta mensagem transcrevo as seguintes palavras: “Nesta zona do país em que tantas dificuldades sociais se fazem sentir, mesmo quando muitas não merecem o holofote dos media, é necessário prestar uma maior atenção aos mais pobres. (…) Ofende a dignidade da pessoa humana, atenta contra o seu direito à vida, impede o exercício desse outro direito fundamental que é a liberdade e constitui um obstáculo à participação, condição essencial de uma democracia autêntica.
Neste contexto, impõe-se que as comunidades cristãs, que têm o dever de praticar a “fantasia do amor”, promovam as iniciativas necessárias para ir ao encontro das necessidades dos irmãos, de modo a corresponder à interpelação exigente do Papa Bento XVI: “no seio da comunidade de crentes não deve haver uma forma de pobreza tal que sejam negados a alguns os bens necessários para uma vida condigna.” (Deus caritas est, nº 20)
Não sei se técnica e politicamente estão a ser tomadas as medidas mais indicadas ou eficazes para diminuir, ou mesmo erradicar, este flagelo social que atinge, em primeiro lugar, aqueles que não optaram por serem pobres, nem os que fizeram da pobreza um modo de vida.
Para estes casos ou análogos – que os há, decerto – e depois de devidamente avaliados, talvez o termo pobreza deva ser substituído por outras expressões, como sejam a de uma pessoa doente, socialmente falando, ou de um parasita social, que explora os bens, legítimos, do trabalho, honesto, dos outros cidadãos, para que ele próprio possa viver.
Vítor Amorim

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