EDIFÍCIOS ESCOLARES NA GAFANHA
Caríssima/o:
Do que se tem dito facilmente se conclui que a Gafanha era terra mal amada pelas autoridades concelhias, pois quase todos os edifícios escolares funcionavam em construções que deixavam muito a desejar.
Assim escrevia o P. João Vieira Resende em 1940:
«Até hoje, em toda a Gafanha, apenas há quatro edifícios escolares próprios. As outras escolas têm funcionado em casas particulares, por arrendamento.
São os seguintes os edifícios próprios onde funcionam as escolas da Gafanha:
- Um na Gafanha do Carmo, com um só lugar para o sexo masculino, construído e doado ao Estado em 1925 por José Ferreira Jorge, para ali ser colocado o seu filho e actual Professor, Sr. José Cândido Ferreira Jorge.
- Outro na Gafanha de Aquém, com um lugar para o sexo masculino e outro para o sexo feminino. Foi construído e doado ao Estado em 1925 pelo falecido Professor de Ílhavo José Nunes da Fonseca, para ali ser colocada a sua filha, a Sr.ª D. Vicência da Conceição Fonseca. Em 1936, foi reconstruído pela Câmara Municipal de Ílhavo com a comparticipação do Estado. Tem um lugar para cada sexo.
- Outro no lugar da Chave, da freguesia da Gafanba da Nazaré, com um lugar para cada sexo, construído e doado ao Estado em 1921 (?) por António Carlos, para ali ser colocada sua filha e actual Professora, a Sr.ª D. Maria da Luz Carlos. Foi reconstruído em 1930 pelos Srs. Sebastião Lopes Conde e Manuel Carlos Anastácio.
- Um outro na Gafanha da Boa-Hora, com um lugar para cada sexo, construído em 1934 pela Câmara Municipal de Vagos.» [MG, 211]
Curioso o desabafo que lhe escapou na página 206, em nota, e que lança uma confusão que se encontra desfeita acima:
«Arquivemos aqui a vergonhosa realidade de, ainda hoje, as três escolas da Gafanha da Encarnação funcionarem num acanhado e velho pardieiro de aluguer. Sempre abandonada! A Gafanha do Carmo tem edifício próprio para o sexo masculino, mandado construir pelo seu professor José Cândido Ferreira Jorge. Também no lugar da Chave, da Gafanha da Nazaré, Sebastião Lopes Conde e Manuel Carlos Anastácio mandaram construir um belo edifício para dois lugares de professor.»
Tão pouco se tem escrito sobre a Gafanha que estas linhas do Padre Resende soam como uma bênção, embora nos abram sorrisos descontraídos algumas das suas observações. Bom seria que se pegasse nas suas deixas e se construísse obra de raiz. Sei que não é fácil nem cómodo, mas é urgente!
Santa Páscoa!
Manuel