1. A Comissão de Solidariedade Social da Associação Académica da Universidade de Aveiro (ORIGAMI), na sua organização do Ciclo de Tertúlias para a Tolerância, levou nestes dias a efeito importante iniciativa sobre «Educação para os Direitos Humanos». Um apelo e um convite fundamental aos estudantes na reflexão continuada sobre as preocupações do mundo em geral (em que continuam a ser tantas as violações dos direitos humanos); mas numa dinâmica da “transferência” dessas preocupações globais para as visões do compromisso diário no âmbito do estudo, investigação e trabalho. A dinamização esteve a cargo da Amnistia Internacional, instância de referência no zelo e promoção dos direitos humanos e na denúncia de situações de seu desumano incumprimento. Conhecer “o que falta” é sempre o primeiro passo para que não falte; a este nível a Amnistia Internacional transfere o “grito” de situações silenciadas para a visibilidade global. Um impulso decisivo em ordem à dignificação da pessoa humana no mundo actual.
2. Felizmente que hoje são muitas as sensibilidades nesta área, no esforço de proporcionar o encontro do «ideal comum a atingir por todos os povos» com às práticas concretas, em todo o tempo e lugar. São também muitas e diversificadas as instâncias e organizações que vivem e promovem esta causa de todos. Também se sublinhe que, hoje, falarmos correntemente de «educação para os direitos humanos» já é por si um sinal de conseguida e múltipla abertura; tanto da educação como tarefa abrangente e por isso que estabelece ponte com as realidades a transformar, como do referencial da Declaração Universal dos Direitos Humanos que quer chegar a todas as áreas do conhecimento (mesmo técnico-científico) para que ele seja e esteja, sempre mais, ao serviço da Humanidade. Este horizonte de diálogo transdisciplinar é, afinal, o caminho que corresponde a concepção plural e inclusiva da dignidade da pessoa humana.
3. Pese, embora, os caminhos já percorridos como eco histórico do dia «10 de Dezembro de 1948» (em que simbolicamente estamos), uma consciência mais efectiva e participada, motivada e sensibilizada está sempre em reconstrução. Enquanto o desejado desenvolvimento humano dos povos continuar a escrever páginas de sangue e indignidade este quadro de referência sócio-educativo não pode esperar. Talvez, nos tempos em que estamos, onde convivemos todos os dias as notícias da miserabilidade correndo o perigo de nos habituarmos, nestes contextos, a aposta decisiva será mesmo na qualidade da proposta como educação «em» direitos humanos, onde estamos totalmente envolvidos naquilo que comunicamos. Felizmente que hoje uma multidão vive este caminho e dá por ele a vida, o tempo, a esperança. Mas ainda falta sempre tanto para este ideal descer ao coração de cada um, e, talvez até mesmo na educação, a começar pelo filme dos brinquedos para crianças (muitos carregados de “guerra”)! O “refrão” dos “direitos humanos”, por si, tem vida curta; para ir mais longe precisa de incluir a “dignidade humana” na sua raiz aberta à Totalidade que cultive e aprecie o que é SER e existir no mundo com os outros. O caminho longo da dignidade!
Alexandre Cruz