de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 31 Janeiro , 2008, 23:36


Andei hoje por Aveiro, cidade a que me ligam tão gratas recordações, desde a meninice. No centro do burgo, deambulei qual barco livre ao sabor da brisa marinha. Olhando montras e o velho casario que enforma a identidade da cidade dos canais, que muitos comparam à Veneza italiana, nem sei verdadeiramente porquê…
Cruzei-me com pessoas que me são familiares e cujos nomes, alguns, já se me varreram da memória, mas que são parte expressiva de muitas vivências.
Sítios, que outrora baptizámos com nome de Selva, hoje Fórum, trouxeram-me à memória dois antigos colegas que faleceram no curto espaço de um mês. Ali jogávamos futebol e aos bandidos e ladrões, mas também nos envolvíamos em guerras de bairros, eu como simples assistente, já que nunca soube atirar pedras, as armas das contendas bélicas dos meninos de há quase 60 anos.
Mas o que mais me impressionou foi ver passar uma senhora, a quem o peso dos anos e da doença envelheceram mais do que o esperado. O seu nome fica comigo nesta partilha com os meus leitores. Arrastava-se com alguma dificuldade pela calçada, com ajuda de pessoa amiga. E eu que a conheci no fulgor da vida; vida toda ela dedicada à cultura e à intervenção cívica. Cumprimentei-a e mal lhe ouvi a resposta ténue que delicadamente me dirigiu.
A vida é assim. Tanto trabalho, tanto entusiasmo, tanta garra, tanta luta! E de um dia para o outro os sentidos reduzem-se ao mínimo, a inteligência declina, a força esvai-se e os olhares inclinam-se para o chão. A vida é tão efémera…
FM

Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 31 Janeiro , 2008, 17:48


“Os Portugueses querem mais segurança e melhor justiça. O Presidente da República estará sempre ao lado dos cidadãos na defesa daqueles valores fundamentais do Estado de direito democrático.”

Presidente da República,
Sessão Solene de Abertura do Ano Judicial
:
O problema da Justiça, no nosso País, é muito complexo. Todos sabemos quanto ela é morosa, cara e mais a favor de quem tem dinheiro. Os mais pobres, os que não podem pagar a bons advogados, estão condenados, a maioria das vezes, a sofrer as consequências dessa realidade. Esperam e desesperam até que os seus problemas sejam dirimidos em tempo útil.
Gostaria de acreditar que a Justiça é, de facto, igual para todos. Mas não é. E não é por culpa dos juízes, que admito, sem rebuço, serem pessoas de bem. A questão é do sistema. Sobretudo de quem sabe “mexer” nas leis, dando-lhe as voltas possíveis e imaginárias, até se chegar à solução desejada.
Veja-se o caso da Pedofilia na Casa Pia. Caso semelhante, descoberto nos Açores, foi resolvido de imediato. No Continente, o julgamento continua sem fim à vista.
O Presidente da República denunciou, mais uma vez, que os portugueses querem mais e melhor Justiça. Outros portugueses já reclamaram o mesmo. Contudo, continuamos sem ver progressos nesta área.
Na mesma sessão, o bastonário da Ordem dos Advogados voltou a falar de corrupção a nível dos agentes políticos. Está em curso um inquérito. Cá para mim, tenho um palpite que tudo cairá em saco roto.

FM

Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 31 Janeiro , 2008, 17:25



O novo poder da Informalidade?

1. A época histórica que vivemos vai-se mostrando já tão diferente do passado recente. Melhor ou menos melhor, isso será outra questão. Em tempos diferentes, não chega, pois, clonar as mesmas respostas do tempo que já lá vai. Pode ser que o conteúdo seja o mesmo e, em última instância, o essencial da VIDA permanece; mas a forma, a roupagem terá de corresponder aos tempos novos da actualidade. O mundo que não nasceu como hoje o vemos, diz-nos que as próprias formas sociais foram, a certa altura, reinventadas a partir de uma nova “informalidade” encontrada.
2. Hoje procuram-se “regulações” para novas realidades até há 10 ou 15 anos inexistentes, como por exemplo todo o mundo da revolução das tecnologias das comunicações ou mesmo nas fronteiras abertas dos países nas novas áreas de comunidade (da Europeia consagrada à africana em formação). Os próprios pesos institucionais de formas cristalizadas no tempo estão a receber o desafio de uma abertura e flexibilidade sem precedentes, o que em última análise pode gerar uma instabilidade de ausência de referências. As instituições basilares da convivência humana família, escola, trabalho, política, vão sentindo esses impactos.
3. Talvez estejamos no “terminar” de um processo histórico dos últimos dois séculos da Razão de Estado. Pensávamos que, com o Estado de Direito e toda a forma de organização social, tudo estava encontrado, mas os impulsos da actual globalização e transnacionalização dos processos vai obrigando a REVER. Nestes processos de revisão ao encontro das pessoas concretas da sua situação e dignidade (o que por vezes as instituições não conseguem), a informalidade parece que vai ganhando o jogo afirmando-se com um potencial redescoberto e obrigando a descer (novamente) a Razão ao encontro da Existência humana.
4. Um autor dos anos 30, Paul Hazard, refere que «outrora, estudava-se muito o século XVII; hoje [em 1934], estuda-se muito o século XVIII». Talvez tenhamos dado prevalência ao institucional em vez da primazia às pessoas... Os tempos actuais são de reencontro com as pessoas, e as instituições que não o conseguirem perdem o significado social. Estará em andamento uma desinstaladora revolução da informalidade? Talvez, não sabemos. Uma coisa é certa, tempos de mudança profundamente complexos. Cada vez mais, e sem alarmes, nada será como dantes. Tudo dependerá dos valores profundos em que alicerçar a vida e a comunidade. Mais importante que nunca! A própria indiferença também é “sinal”…

Alexandre Cruz

Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 31 Janeiro , 2008, 12:15

Exposição no Museu da Cidade

No próximo dia 1 de Fevereiro assinala-se o Centenário do Regicídio decorrido no Terreiro do Paço, em Lisboa. Mais que um homicídio (do Rei D. Carlos e do Príncipe Herdeiro), tratou-se de um crime contra o Estado que constituiu um ponto de viragem no processo de declínio da Monarquia que levaria à implantação da República em 1910. Dada a sua natureza, o acontecimento teria repercussão por todo o país gerando reacções diversas. As iniciativas da Câmara Municipal de Aveiro estão associadas aos eventos nacionais que marcam a data.
Neste contexto, as actividades, organizadas pela Câmara Municipal de Aveiro, que decorrerão no Museu da Cidade de Aveiro, destinam-se ao público em geral e às comunidades escolar (primeiro ciclo do Ensino Básico). As acções têm como principal pressuposto conhecer o significado e implicações do regicídio, das quais destacamos uma pequena mostra documental incluindo imprensa aveirense da época, a acta da Câmara Municipal de Aveiro que relata os factos e dois desenhos do Rei D. Carlos provenientes do Museu da Marinha.
“O regicídio… em Aveiro” e “D. Carlos, o rei que amava o mar” constituem uma exposição documental que estará patente no Museu da Cidade de Aveiro, de 1 a 10 de Fevereiro, de Terça-feira a Domingo, das 10.00 às 19.00 horas (excepto das 13.00 às 14.00 horas). Nesta mostra estará exposto:
o livro de actas da Autarquia em que se relata o regicídio e a subida do trono de D. Manuel II;
exposição da imprensa local da época e da revista “Ilustração Portuguesa” com o relato dos factos;
e, numa alusão à vocação e interesse pelo mar, com o qual também Aveiro tem uma relação intrínseca, relembra-se a figura do monarca exibindo uma peça sua (aguarela com motivos marítimos) proveniente do Museu da Marinha, Lisboa.

Do “site” da Câmara Municipal de Aveiro
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Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 31 Janeiro , 2008, 11:52

Aconteceu no dia 25 de Janeiro, mas só hoje li a notícia da atribuição de Bolsas de Estudo pela Câmara Municipal de Ílhavo a estudantes do concelho.
Na presente edição foram atribuídas a jovens estudantes residentes no Município de Ílhavo 24 Bolsas (8 novas e 16 renovações), com um valor mensal que varia entre os 51,13 e os 102,25 Euros, consoante se trate do Ensino Secundário ou Superior, implicando um investimento municipal de cerca de 20.000 Euros.
Ao saber desta iniciativa da CMI, não posso deixar de sublinhar a atribuição das Bolsas de Estudo, à semelhança do que já aconteceu nos anos anteriores. Sinto que este é bom exemplo de apoio a quem terá dificuldades para prosseguir estudos. Mas é mais: é um estímulo para quem quer estudar e não tem grandes possibilidades para o fazer.

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Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 31 Janeiro , 2008, 10:25


Caem-nos cada dia no computador mensagens de pessoas amigas, com pedido de que enviemos a outras, a prevenir contra a aceitação de chamadas telefónicas de certo teor, que podem levar os incautos à sua própria ruína. O mesmo acontece em relação ao correio electrónico, infestado por interesses injustos e malévolos, de dentro e de fora, que, anunciando maravilhas escondem desgraças. Entra-se assim no que é nosso, neste mundo aberto e de todos como é o da comunicação, com intuitos de destruir ou de a outros beneficiar, pouco ou nada podendo nós fazer pata impedir, contrariar ou responsabilizar outrem pelos prejuízos sofridos.
Viver pressupõe e exige um clima de confiança, de serenidade, de paz, dentro de nós e à nossa volta. Tudo o que perturba, sem que se lhe veja a ponta, incomoda, desestabiliza, cria fantasmas, multiplica desconfianças.
Há quem goste de navegar nas águas do “quanto pior, melhor” e quem aprecie muito a política da terra queimada, que também nisso vão os seus interesses.Sempre que para uns a vida entusiasma menos, para outros ela torna-se espaço apetecível para um trabalho, onde a luz só incomoda.
Porque procuram as pessoas sem escrúpulos, que por aí vão abundando, os idosos indefesos e a viver sós, para poderem assaltar, roubar e, muitas vezes, ferir e até matar, não levando deles mais que o seu modesto pé-de-meia, bem poupado à custa de sacrifícios dispensáveis, mas na expectativa de momentos mais aflitivos? Gente como esta é sempre fácil de enganar com promessas que fazem sonhar em dias melhores. Onde se juntam os abutres? Onde há morte. A vida, com a dor e o peso que lhe tiram o sentido e a alegria de viver, já é morte.
A solução não está na abundância de polícias, porque, num contexto que se generaliza, a sua presença será mais dissuasora que correctora. Está numa séria educação de base e no apoio claro a todos os educadores, na protecção à família, primeiro e mais determinante espaço humanizador, na eliminação corajosa dos focos de contaminação, na luta contra as desigualdades sociais provocadoras e irritantes, na aceitação pública de todos, pessoas e instituições, que defendem, propõem e testemunham valores morais e religiosos que ajudam a subir os horizontes e fortalecer as vontades, na procura nunca abandonada de meios que favoreçam a paz, a segurança, a reconciliação e a confiança mútua, bem como a correcção exemplar dos prevaricadores.
Andam muitos responsáveis políticos ocupados e afadigados com os aspectos económicos e financeiros do país e com a imagem do mesmo para o exterior. Nada disso é de somenos importância. Porém, a riqueza de um país são as pessoas e a cultura que lhes deu e dá referências enraizadas, capazes de transmitir sentido à vida, participação de todos no que a todos diz respeito, capacidade de relação e convivência com todos, mesmo que sejam de outras culturas e raças e agora coabitam connosco.
Destruída a cultura que nos ajudou e ajuda a ser o que somos, nada resultará e não ficarão senão frutos espúrios, vazios de bem e perturbadores da paz e da harmonia que não dispensamos, e gente incaracterística a que os nossos valores de sempre nada dizem.
Tem-se brincado de mais com as nossas raízes, como se fossem bens e coisas de somenos. Os resultados vão-se sentindo, num país que parece alguns terem optado por ser mais babilónia que espaço lavado e despoluído de uma sã convivência plural.


António Marcelino
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Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 30 Janeiro , 2008, 20:53

Mahatma Gandhi

1. Há sessenta anos, a 30 de Janeiro de 1948 (o ano da Declaração Universal dos Direitos Humanos: 10 de Dez.), em Nova Deli, Mahatma Gandhi, líder político e espiritual do movimento de independência da Índia, era assassinado por um extremista hindu. Esse extremista não aceitava os seus ideais simples de tolerância para com todos, valores pacíficos estes enraizados na crença tradicional hindu da “verdade” e da “não-violência”. A vida de Gandhi, assinalando um passo histórico da revolução pela paz, influenciou outros líderes na luta democrática e anti-racista de algumas nações, entre os quais Martin Luther Kinh (EUA) e Nélson Mandela (África do Sul).
2. É importante que não se perca a memória daqueles cuja vida foi doada generosamente por ideais que hoje são benefício de todos. Nos tempos da actualidade em que o “mundo é plano” (estamos em “ligação directa” comunicacional) e em que se proclama “o fim da distância” (o tempo on-line faz-nos ser sempre presentes), cumpre-nos apreciar esses valores universalistas, persistentes e resistentes, princípios representados por pessoas que foram edificando as sociedades democráticas na base da dignidade humana. Gandhi dá a vida por essa libertação não no alicerce da força mas da sabedoria. Talvez aqui esteja um valor essencial a preservar e actualizar em cada tempo e lugar.
3. Sobre Gandhi referiu o cientista Einstein que «as gerações por vir terão dificuldade em acreditar que um homem como este realmente existiu e caminhou sobre a Terra». Tal a força e intensidade da mensagem e, também, tal a abertura de espírito honesta intelectualmente do cientista que sabe reconhecer os lugares históricos e sociais da libertação e aperfeiçoamento do todo da humanidade. Tendo sido nomeado cinco vezes para o Nobel da Paz (entre 1937 e 1948) e não tendo recebido este símbolo de reconhecimento universal, o comité algumas décadas depois reconheceria a falta cometida. Na atribuição Nobel ao Dalai Lama em 1989 viria a prestar o tributo reconhecido a Gandhi pela sua dádiva de vida.
4. Entre tantos daqueles pensamentos e chavões que ficaram gravados para a história, talvez possamos destacar: "Nós devemos ser a revolução que queremos ver no mundo". Faz-nos pensar e consciencializar que a transformação que se deseja para mundo terá de começar nas mais pequenas coisas da vida de todos os dias. Pensamento global, acção local. Tão simples e sempre tão complexo!...

Alexandre Cruz

Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 30 Janeiro , 2008, 17:06

Ali ao lado

Dizem que a identidade portuguesa afirmou-se em oposição a Castela. E que de lá, nem bons ares, nem bons maridos ou esposas, a julgar pelo ditado. Mas saber o que se passa no país vizinho ajuda a entender o nosso, muito mais do que o que se passa na França, que durante séculos foi o ideal dos intelectuais lusos, ou na cultura de língua inglesa.
E nada melhor para saber o que se de passa para lá de Vilar Formoso do que ler jornais espanhóis, coisa que faço a um ritmo semanal, para ver se os ares mudam.
Ora, por estes dias, em vésperas de eleições legislativas, o tema do aborto anda na rua. Muito pouco, a julgar pelos manifestantes que apareceram nas rua de Madrid e Barcelona, no dia 23 de Janeiro, mas o suficiente para um jornal português atribuir à notícia uma página, enquanto atribuíra apenas umas linhas à manifestação de 2 milhões de pessoas, em Madrid, a favor da família. No jornal espanhol que leio à quinta-feira, escrevia-se: “Fracaso de la movilización apoyada por el PSOE a favor del «aborto libre y gratuito»”. O jornal português parece que viu o que não viram os espanhóis.
Já que falamos deste tema, quando se aproxima o primeiro aniversário do referendo, refira-se que em Espanha a imprensa mostrou que há clínicas a fazerem abortos de fetos de sete meses...
Convém estarmos atentos à Espanha. Os países pequenos andam sempre a reboque dos vizinhos grandes.
J.P.F.
Fonte: Correio do Vouga
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Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 30 Janeiro , 2008, 14:50
Navio-museu Santo André. Quando lá vou ou o vejo, tantas recordações me saltam na memória


HORA DA SAUDADE

“Hora da Saudade” era um programa da Emissora Nacional, destinado a emitir mensagens para os bacalhoeiros portugueses, que se encontravam nos mares da Terra Nova e da Gronelândia. Na Gafanha da Nazaré, as emissões eram à noite e saíam do Cine-Teatro Triunfo, localizado na Cale da Vila, na Rua D. Manuel Trindade Salgueiro, na esquina com a Rua D. Fernando.
Um dia destes, ao manusear O ILHAVENSE, de 10 de Setembro de 1953, encontrei a notícia que transcrevo, em jeito de recordação. Era eu, em nome da família, que participava na “Hora da Saudade”, lendo a mensagem previamente escrita e dirigida a meu pai, contramestre do arrastão Santo André, um dos campeões do mundo da pesca do fiel amigo. Recordo, com que saudade, esses momentos comoventes que por vezes me bloqueavam, tremendo na leitura. Como acontecia a tantos outros familiares dos bravos lobos-do-mar. Algumas esposas e mães, ora alegres e esfusiantes, ora tristes e mais comedidas, lá iam lendo com desenvoltura ou soletrando com dificuldade as mensagens, que o locutor anunciava, pausadamente. No meu caso, era assim: “Para Armando Lourenço Martins, tripulante do Santo André, vai falar seu filho Fernando.”
Eu lia, então, e quando terminava saía feliz. O meu pai, longe, muito longe, bem avisado, como todos, tinha ouvido a minha voz e escutado, e gravado na sua alma, a mensagem da família.
Aqui fica a notícia que li no jornal O ILHAVENSE:

Hora da Saudade

Sob a presidência do sr. Capitão do Porto de Aveiro, comandante Carlos Pinto Basto Carreira, realizou-se em Ílhavo, no dia 30 de Agosto e na Gafanha da Nazaré, no dia 6 do corrente [Setembro], pela 2.ª vez este ano [1953], a “Hora da Saudade” dedicada aos pescadores do bacalhau, sendo lidas muitas mensagens por pessoas de família daqueles trabalhadores do mar.

Fernando Martins



Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 30 Janeiro , 2008, 12:57
A festa dos Ramos

Estátuas do Cortejo Cívico, 1939


Visita de D. Manuel II a Aveiro, 1908


Cerâmica Arte Nova, 1912



Olhar para o percurso de Aveiro

No Museu da Cidade, ali ao lado do Canal Central da Ria de Aveiro, está uma exposição interessante. À disposição dos visitantes está um conjunto de objectos que fazem história. Desde tempos longínquos até ao presente. Com perspectivas de futuro. Os objectos que ali se encontram mostram, à saciedade, que foram concebidos e feitos para poderem chegar até nós. E lá estão alguns. Garantindo a nossa identidade.
Aconselho uma análise ao painel cronológico da vida da região de Aveiro. Lendo as datas e o que a elas está associado ficaremos a saber mais alguma coisa. Aqui indico algumas:

- IV milénio antes de Cristo: Sítio arqueológico da Agra do Crasto;

Depois de Cristo:

- Séc. VI/VII - Forno de Eixo;

- 959 – Testamento da condessa Mumadona Dias ao Mosteiro de Guimarães, referindo terras e salinas;

- 1472 –Princesa Joana entra no Mosteiro de Jesus;

-1759, 25 de Julho – D. José eleva Aveiro a cidade;

- 1774 – Criação da Diocese de Aveiro;

-1864 – Linha Férrea e Estação de Aveiro;

- 1882 – Extinção da Diocese de Aveiro;

1959 – Festas do Milenário e do Bicentenário da elevação a cidade.

Nota: Há muitas outras datas, naturalmente.


Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 30 Janeiro , 2008, 12:16


“... a Quaresma convida-nos a «treinar-nos» espi-ritualmente, nomeadamente através da prática da esmola, para crescermos na caridade e nos pobres reconhecermos o próprio Cristo.”


Bento XVI, na sua Mensagem para a Quaresma


Nota: Permitam-me, os meus amigos, que sugira a leitura da Mensagem do Papa para a Quaresma que se avizinha. Sejam crentes ou não. A Mensagem de Bento XVI incide sobre a importância da caridade. Muitos, ao falarem da caridade, associam-lhe um tom depreciativo e até referem, com ar trocista, "caridadezinha". Dizem os políticos que o mais importante é a justiça a todos os níveis. É verdade que a justiça é importante, mas também é verdade que justiça e caridade não podem existir de costas voltadas uma para a outra. São, digo eu, complementares. Uma não exclui a outra.
Uma coisa, porém, acho que devo sublinhar: quando falta a justiça, a caridade aí tem um lugar especial para se manifestar. Quem há por aí que não tenha sentido já a caridade, sobretudo neste mundo de injustiças?
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Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 29 Janeiro , 2008, 20:43

Na linha do que ultimamente tem denunciado, o bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto, afirmou, na abertura do Ano Judicial:

“Muitas pessoas que actuam em nome do Estado e cuja principal função seria acautelar os interesses públicos acabam mais tarde por trabalhar para as empresas ou grupos que beneficiaram com esses negócios.”

“Há pessoas que acumularam grandes patrimónios pessoais no exercício de funções públicas ou em simultâneo com actividades privadas, sem que nunca se soubesse a verdadeira origem do enriquecimento.”
"Há um sentimento generalizado na sociedade portuguesa de que o sistema judicial é forte e severo com os fracos, e fraco, muito fraco e permissivo com os fortes.”

São afirmações duras e incisivas. Foram ouvidas pelo Presidente da República, pelo ministro da Justiça e pelos mais altos magistrados do Poder Judicial.
O Procurador-geral da República, que já mandou abrir um inquérito, também ouviu o bastonário da Ordem dos Advogados. Os portugueses ficam à espera dos resultados. Todos queremos ficar tranquilos.
FM
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Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 29 Janeiro , 2008, 19:34

Os ministros da Saúde e da Cultura foram substituídos. Correia de Campo e Isabel Pires de Lima vão ceder os seus lugares a Ana Jorge e a José António Pinto Ribeiro, respectivamente. Pessoalmente, penso que José Sócrates poderia ir mais longe. Ficou por aqui, convencido de que isto é o suficiente para calar os descontentes. Não é. Os protestos continuarão, porque há no Governo quem ande por ali a criar conflitos. Os ministros da Economia, Obra Públicas e Educação, por exemplo, podiam, muito bem, dar o lugar a outros, no sentido de aplacar as iras dos muitos portugueses descontente com a política do Governo do PS.
Defendo que o Governo tem de fazer reformas impopulares, mas nunca pode avançar com elas sem as explicar muito bem. O povo gosta de dialogar com os governantes. Gosta que o oiçam, gosta de compreender o porquê das decisões.
As reformas da área da Saúde estavam a mexer com as pessoas, ao “roubaram-lhe” um serviço de proximidade, tão necessário à tranquilidade de quem sofre e de quem está fragilizado pela idade ou pela solidão. Na área da Cultura, tudo girava como se nem ministro tivéssemos.
Claro que esta mini-remodelação pouco poderá alterar a linha de orientação do Governo. Mas José Sócrates, que é um político determinado e experiente, saberá que, se continuar a hostilizar o povo, não chegará longe.
FM
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Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 29 Janeiro , 2008, 18:22

MAR SEM SAL é um blogue que me chegou a casa por mão amiga. Trazia a recomendação de que é preciso estar atento. Já o vi. Está a começar e promete opinião com personalidade. Junto ao cabeçalho está um ponto de partida que vale a pena meditar: “Quando descobrimos aquilo de que somos feitos e a maneira como somos construídos, descobrimos um processo incessante de construção e destruição e apercebemo-nos de que a vida está à mercê desse processo interminável. Tal como os castelos de areia das praias da nossa infância, a vida pode ser levada pela maré.” António Damásio, O Sentimento de Si (1999).
A dona deste blogue assina e apresenta-se de forma original: SAL. Talvez por a sua cultura e a sua personalidade andarem muito na crista das ondas que dominaram os seus horizontes, desde tenra infância. E diz mais: "Sou cantora, professora do ensino especializado de música e investigadora. Sou uma pessoa que se recusa a ter um papel passivo nesta sociedade."
Com os meus parabéns, ficarei atento. Mas sei, à partida, que SAL não será levado pela maré, porque tem de cumprir a sua missão de temperar e dar sabor à vida.

Fernando Martins
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Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 29 Janeiro , 2008, 17:59


Cultura como desenvolvimento


1. São muitas as teorias e ideias sobre a cultura, mas na realidade as propostas de cultura apresentam-se sempre como um esforço repleto de fronteiras e incertezas. Como criar dinâmicas de tal forma interessantes e estimulantes em que as liberdades, o passado, presente e futuro, se juntem a celebrar a cultura e a vida? É a pergunta que percorre o tempo da história na expectativa de uma vivência cultural de tal forma intensa como se quase não precisássemos de apelar à cultura (cívica) da participação.
2. As coordenadas do tempo (passado, presente e futuro) não podem estar fora desse palco cultural. A própria visão cultural não pode ser em círculo fechado. Um horizonte cultural rasgado colocará no mapa da vida das sociedades a cultura no primeiro plano e não do último, como se de um acessório se tratasse. É também aqui, sem saudosismos mas como factor de “pertença”, que os séculos que nos precederam terão sabido erguer um património artístico e cultural ligado umbilicalmente à vida das gentes, numa convivência natural enraizada de tal forma que os laços de geração em geração conseguiram passar essas “tradições”. Algumas admiráveis, outras, como sabemos, nem tanto.
3. Às perguntas essenciais sobre o lugar da cultura no futuro das sociedades, poderemos responder com o que pensarão aqueles que serão o “amanhã” (os jovens de hoje) sobre o assunto. Há dias um professor especializado nestas áreas dizia que de forma crescente os jovens respondem ao jeito dos “links” (ficheiros, sectores) do computador, faltando uma visão de unidade geral de toda a informação que se “descarrega”. Nestas visões crescentes “espartilhadas” que lugar para a cultura, como elo de unidade do que somos com tudo o que antes de nós foi caminho humano? Haverá futuro sem consciência do passado?
4. É neste sentido que a cultura em Portugal terá de deixar de ser um acessório num palco de cumprir calendários. Talvez deva ser vista como factor essencial de desenvolvimento social. As gentes precisam de se sentir identificadas com as suas raízes para redescobrir as dinâmicas de participação comunitária. Quanto mais existir esse reconhecimento da “tradição” (mesmo folclórica, de bandas de música, colectividades que fazem continuamente um trabalho heróico), tanto mais haverá aptidão e curiosidade no apreço do fascinante futuro. Talvez esse “elo de unidade” possa reerguer a cultura portuguesa como factor de desenvolvimento humano e social. Mais (mais aberto) e melhor!


Alexandre Cruz

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