de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Sexta-feira, 21 Dezembro , 2007, 20:35


Foi uma autêntica revolução. Alegrou uns, preocupou outros, deixou alguns perplexos e outros a indagar as consequências e a perguntar se isso era verdade e possível.
João XXIII dera a palavra de ordem, quando disse que a renovação da Igreja, necessária e urgente, exigia o regresso às fontes bíblicas e ao espírito e experiência dos inícios.
Muita lama do tempo se tinha colado à Igreja. Defendia-se o que já não era defensável. Ficar na concepção jurídica de “Igreja, comunidade perfeita” era empobrecer o presente, comprometer o futuro e impedir um diálogo com o mundo, de modo a poder-lhe ser útil.
O projecto de Deus fora edificar um Povo singular, diferente de qualquer outro fruto de em concepções puramente humanas e temporais. Este Povo seria seu, Povo de Deus. Um Povo de salvos, um sinal de salvação, acessível a todos os crentes.
O Vaticano II afirmou este desígnio de Deus: um Povo que O conhecesse em verdade e o servisse em santidade, com servidores, a tempo inteiro, para garantir o seu desígnio..
Qualquer outro projecto de Igreja está fora do querer divino. Ou é Povo de Deus, ou Deus não se comprometerá com a obra realizada. Essa seria sempre um mero projecto humano, tocado pelas mazelas que acompanham a natureza humana e o que dela nasce, sem ter sido redimido.
Na história, por razões conhecidas e nas quais o querer dos homens nem sempre respeitou o querer de Deus, foi-se construindo uma Igreja para o tempo, na qual nem sempre o Evangelho e a Pessoa de Jesus Cristo ocuparam lugar central. O céu ia denunciando este desvio com a santidade de muitos cristãos, fieis ao Evangelho. Uns foram considerados loucos ou impelidos a calarem-se, outros simplesmente esquecidos. Como os profetas, também eles sempre incómodos para os instalados em suas ideias e interesses. Os caminhos bíblicos e da verdade revelada, já nem pareciam ortodoxos, de tal modo estavam acima ou alheios à doutrina e decisões de homens da Igreja, detentores de um poder, que muitas vezes era tudo, menos serviço a um Povo crente.
Assim se compreendem as lutas de cariz mais humano que evangélico, a oposição a tudo o que ia bulir com ideias e interesses adquiridos, a não aceitação de posições e apelos, nascidos fora da comunidade eclesial, mas que, perto ou longe, se haviam inspirado num Evangelho, por muitos responsáveis já esquecido.
O Vaticano II, a que o papa nos pede que sejamos fieis, não foi um gesto de revivalismo, mas sim um grito de fidelidade a Deus e à Sua obra. Concretizada esta num Povo, escolhido e enviado, como testemunha de uma especial protecção a carinho, dada a vivência a que eram chamados os seus membros e a missão histórica que lhe era confiada, em favor da humanidade onde deve ser luz, sal e fermento novo.
Muitos cristãos não manifestam alegria de o ser, estão alheios ao essencial da vida cristã, mantêm-se passivos na participação apostólica, vivem e actuam como se não fossem crentes, sem terem ainda descoberto a dimensão comunitária do projecto de Cristo em que dizem acreditar, nem da Igreja, a que dizem pertencer.
Muito se tem feito nestes quarenta anos que já leva a realização do Concílio. Mas um muito que é ainda pouco, que tem sofrido intermitências, e vai mostrando como é difícil a conversão das pessoas e dos critérios pastorais. O individualismo e o relativismo, frutos do tempo, e a que nem a Igreja ficou isenta, dificultam ainda mais esta conversão.
Na consciência de Povo de Deus a Igreja se renovará e os seus membros terão nela lugar de pleno direito. É esta consciência que é preciso readquirir, pelos meios adequados, acessíveis à experiência de todos. Assim, a Igreja de ontem, será a de hoje e a de sempre: um Povo redimido e salvo com uma missão a favor de todos sem excepção.
António Marcelino
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Editado por Fernando Martins | Sexta-feira, 21 Dezembro , 2007, 18:15


Não viva o Natal de alma apagada:
volte-se para a luz.
Vá ver as iluminações
ou parta à descoberta do Portugal interior.
Saboreie a doçura de um algodão doce
ao pé das luzes da cidade
ou deixe-se aquecer
pelos “lumes” no adro das igrejas.
E não se esqueça de acender as luzes
também dentro do seu coração.


In “Pequenas Grandes Ideias”
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Editado por Fernando Martins | Sexta-feira, 21 Dezembro , 2007, 16:53


No Stella Maris, clube da Obra do Apostolado do Mar, com sede na Gafanha da Nazaré, houve festa de Natal dedicada aos menos jovens. O almoço, confeccionado pelas funcionárias do clube, contou com a colaboração de diversas instituições e empresas, em especial dos Escuteiros e do Banco Alimentar Contra a Fome. Os menos jovens, cerca de 80, foram indicados pela Obra da Providência e pela Fundação Prior Sardo, daquela freguesia.
Presidiu o Bispo de Aveiro, D. António Francisco, que realçou, na altura da sobremesa, o espírito de família que ali se fez sentir. O Natal, referiu, “é para nos dizer que todos somos irmãos uns dos outros”, independentemente das culturas diferenciadas dos povos que frequentam o Stella Maris. No entanto, frisou D. António, “temos de começar por aqueles que vivem perto de nós”.
Adiantou depois que é necessário que nos sintamos próximos, “valorizando a nossa terra e a Igreja Diocesana”, nos gestos e na solidariedade que manifestamos, porque “Igreja é comunhão e comunidade”. Importa, por isso, acreditar que “acolher os irmãos é acolher o Jesus que vem”. Afirmou que todos somos importantes, desde os mais pequeninos até aos avós, para nos aproximarmos dos outros, acrescentando que é fundamental comemorar o Natal em cada gesto e em cada celebração que realizamos.
Por sua vez, o presidente do Stella Maris, diácono Joaquim Simões, salientou que este clube é uma casa para todos, embora vocacionada para quantos trabalham no mar e na ria. Congratulando-se com a presença do nosso Bispo, “que tem sabido ouvir e estimular quantos trabalham e dirigem esta instituição, disse que se torna urgente “escancararmos o nosso coração ao Menino”, com gestos de solidariedade. Agradeceu a todos os que colaboraram nesta festa de Natal, a segunda patrocinada por esta direcção, enquanto manifestou a vontade de todos os corpos dirigentes levarem por diante este projecto da Obra do Apostolado do Mar, enfrentando os desafios que as novas exigências pastorais impõem.




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Editado por Fernando Martins | Sexta-feira, 21 Dezembro , 2007, 16:02





Celebrou-se ontem, como recordei, os 50 anos da aprovação dos Estatutos da Obra da Providência, instituição que nasceu, como lembrou D. António Marcelino, Bispo Emérito de Aveiro, na homilia da eucaristia de acção de graças, “para apoiar quem era espezinhado” pela sociedade. Na urgência, indicada por Cristo, de olharmos para os mais carentes.
D. António Marcelino frisou que as fundadoras, cuja história bem conhece, agiram como vicentinas e desde sempre foram ao encontro dos que mais precisam, descobrindo aí os “caminhos de Deus”, caminhos que contribuem para que “as pessoas se sintam mais amadas”.
No jantar de convívio que se seguiu, com dirigentes e funcionárias, foi bom sentir o espírito de fraternidade que a todos anima. Uma fundadora, Rosa Bela Vieira, também participou na festa. Ausente, apenas, por indisposição que vai passar, assim creio, Maria da Luz Rocha, a outra fundadora da Obra da Providência e alma mater da instituição desde a primeira hora. Faltou pela primeira vez a este convívio anual, mas o seu espírito de entrega aos outros marcou presença indelével entre todos os convivas.
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Editado por Fernando Martins | Sexta-feira, 21 Dezembro , 2007, 12:40




Há pessoas maravilhosas e gestos lindos que não o seriam se não tivesse havido Natal.
O Natal que houve, é o Natal que há. Cada dia, se eu e tu quisermos.
No coração humilde de um crente, a fé do Natal é força explosiva e dinamismo imparável. Muito além do que se pensa. Natal que enche a vida e a faz sair de si, para dizer a todos que a minha vida, a tua vida, também é vida dos outros. De todos.
Vivência de Natal não se encontra em qualquer canto, não se espelha em qualquer rosto.
Hoje, como ontem, o Natal passa-se fora de portas, em campo aberto, povoado por gente humilde, gente de coração limpo e sensível. Gente desinstalada que vem, de longe ou de perto, à procura de amor. Gente que acredita que a luz vence as trevas, e onde o sol penetra pelas frestas das portas e janelas, já nada pode impedir que ele ilumine a noite de tantas casas habitadas de pessoas, desabitadas de ternura, de beleza, de paz.
Só onde estiver alguém que se julgue sol, as trevas persistirão.
Só onde vive gente instalada e satisfeita, revoltada ou desanimada, de coração fechado á esperança, faltará espaço e vontade para procurar e encontrar o Natal.
Natal, todos os dias! Porque não? O Natal de Cristo não está fechado no ontem do tempo. Sou hoje seu contemporâneo, como o foram os pastores que o celebraram na noite em que ressoou para sempre o canto sereno da paz. Paz sempre necessária.
Sinto o fascínio do Natal. O Menino Deus, feito Homem, Amigo e Irmão, Senhor e Mestre, continua a fascinar-me e jamais deixará de ser um sedutor.
Ele é luz e força da minha vida. As trevas são sempre passageiras. A luz vence.
Fascínio do Natal! Fascínio da criança junto ao Presépio de imagens, luzes e cores.
Sorrindo, falando para dentro, contemplando, deixando que o coração se encha de sonhos, a vida se abra ao bem…
“ Se não vos fizerdes como crianças…” Que apelo tão fora do tempo em que todos querem ser grandes! Um Reino que é para todos, é tão difícil que seja de todos.
Amo o Natal de Cristo. Ele solta-me o coração, que parte, como cavalo sem freio, por terras de gente e de ninguém, espaços de crentes e descrentes, caminhos desencontrados de ricos satisfeitos e de pobres excluídos. Corre ao apelo de gritos escutados, intui gritos não gritados, leva calor de amor aos que não desistem de ser pessoas…
Quando haverá de novo Natal de todos?
Hoje mesmo, se eu quiser. Se o quiserem, comigo, os que crêem que o Natal de Cristo foi, é e será sempre, o Natal que dá sentido ao dia e luz à noite. O Natal que aquece corações enregelados, escancara portas à esperança, sensibiliza ao amor, constrói fraternidade, faz do mundo lugar apetecível, sempre e para todos.
Natal que dá rosto humano a Deus e rosto divino aos homens e mulheres de sempre.
É este o Natal de Cristo, o Natal cristão, o meu Natal. Por isso é festa. De Deus para mim, para todos.

António Marcelino,
Bispo Emérito de Aveiro
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