de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Sábado, 06 Outubro , 2007, 11:04



A CARIDADE É UMA SÁBIA
E SANTA FORMA DE EVANGELIZAR





Decorreu ontem, 5 de Outubro, no Seminário de Santa Joana Princesa, a abertura do ano pastoral, sob a presidência do Bispo de Aveiro, D. António Francisco dos Santos, e com a participação de centenas de responsáveis pelos diversos serviços diocesanos e paroquiais. O tema de fundo, “O serviço aos mais pobres é sinal visível e expressivo da verdadeira Igreja de Jesus Cristo”, foi reflectido numa perspectiva de desafio e meta para o ano pastoral de 2007/2008 e para além dele.
A abrir, D. António, citando S. Paulo, referiu: “porque a caridade não acaba nunca, o mundo pode acreditar na Igreja, onde há lugar para todos.” Reconhecendo a importância da Eucaristia na vida e acção das comunidades cristãs, lembrou que “a caridade é uma sábia e santa forma de evangelizar”, num mundo carente de apóstolos do amor. O Bispo de Aveiro ainda sublinhou que as visitas pastorais a iniciar no próximo mês de Janeiro, nos arciprestados de Estarreja e Murtosa, terão como tónica, de sua parte, a preocupação de estar com todos, tendo como horizonte a construção de uma Igreja renovada, sendo garantido que a Igreja se renova “quando os jovens forem Igreja”.
O Padre Lino Maia, pároco de Aldoar, Porto, e presidente da CNIS (Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade Social), foi o conferencista convidado para ajudar os católicos da Diocese de Aveiro a descobrirem o que dizem os pobres à Igreja, tendo em vista a promoção da justiça e o serviço da caridade.
Depois de frisar que a caridade (amor) é a fundamental característica dos discípulos de Jesus Cristo, desde os primórdios da Igreja - "vede como eles se amam"-, disse que “os pobres são a riqueza da Igreja, porque nos permitem viver com mais intensidade o mandamento novo”. Enfatizou a importância da Eucaristia, da evangelização e da catequese, mas logo adiantou que “sem caridade não há Igreja”.
O presidente da CNIS falou da partilha, como fundamental para o ser cristão, mas acrescentou que hoje, mais do que nunca, é essencial promover as pessoas. Urge, também, levá-las a descobrirem as suas próprias capacidades. Defendeu, entretanto, a necessidade de vivermos a caridade e a solidariedade muito para além dos cataclismos que costumam mobilizar as pessoas, e adiantou a premência de haver acções comunitárias coordenadas neste âmbito.
O Padre Lino Maia aconselhou os presentes a cultivarem o princípio de procurarem os pobres, não estando à espera que eles apareçam, e referiu a riqueza de contribuirmos para que o sorriso anime o rosto dos que sofrem.
Como causas primeiras da pobreza em Portugal, o presidente da CNIS apontou a desestruturação familiar, o desemprego e o abandono. Garantiu que a mobilidade profissional, os horários de trabalho, o hedonismo e o egoísmo estão na base de famílias desfeitas, e admitiu que os desempregados são, muitas vezes, uns abandonados. Sem ocupação, podem cair em vícios. É importante, por isso, ajudá-los a descobrir trabalho, encaminhá-los para as instituições vocacionadas para estas situações e propor-lhes a participação em iniciativas de formação, com vista a novo emprego.
Apreciando o Plano de Pastoral, com muitas propostas de reflexão e de intervenção na Igreja e na sociedade, é bom verificar pressupostos positivos animadores. Portugal, apesar de estar na cauda da Europa, “faz parte do chamado mundo desenvolvido, onde os padrões de vida são, na generalidade, bastante aceitáveis. A base da estabilidade social deve-se, em grande medida, ao acesso ao emprego, à educação e à estabilidade da família”.
Do Distrito de Aveiro, onde se integra a Diocese aveirense, diz-se que é dos que têm uma taxa de desemprego mais baixa. Sob o ponto de vista civil, há “algumas redes sociais criadas e a funcionar, nomeadamente ao nível das freguesias e dos municípios”. “Os meios de formação e educação estão disponíveis”, registando-se, por parte da Igreja, da diocese, das paróquias e de institutos religiosos, boas apostas nestes sectores.
Importa, portanto, sublinha o Plano, revitalizar a dimensão social e caritativa; consolidar o espírito de partilha, focalizando sempre a pessoa; desenvolver a consciência de que a presença da Igreja, no âmbito social, é sinal do Reino de Deus; valorizar os projectos e iniciativas já existentes; reflectir sobre o que falta fazer; promover a comunhão e entreajuda entre os diversos agentes; e dar visibilidade à acção social da Igreja Aveirense.

Fernando Martins
Fotos: Em cima, D. António Francisco; em baixo, Padre Lino Maia.
Fotos do meu arquivo.

Editado por Fernando Martins | Sábado, 06 Outubro , 2007, 10:55


Será a Europa um Estádio?

1. Um jogo de futebol bem jogado é interessante! Com equipas que aliem a táctica ao desportivismo de forma enérgica, audaciosa mas saudável, é fenómeno que motiva e trás consigo um entretenimento que contagia as cidades e a, também saudável, emoção pública. Na generalidade, quem não gosta de ver o clube da sua cidade ou do seu país, no justo respeito pelas regras do jogo, a vencer um bom jogo de bola?! (Dizemos, na generalidade…)
2. Mas há muito que o futebol deixou de ser esse jogo em campo, nas quatro linhas, sendo na actualidade um autêntico império comercial. E quando se chega a este ponto, a tentação de vencer a todo o custo vai crescendo, multiplicando todas as redes de contactos, publicidades à frente, fusões e confusões, tendo nos “apitos da corrupção” o seu ponto alto de um estado de sítio que parece tornar-se numa grande “ilusão mentirosa” com que se convive pacificamente. Haja adeptos que não pensem no que está por trás de tudo isto, mas que gritem e, sabe Deus como, sem condições, deixam até a família e a vida para trás para depositar toda a esperança na vitória (vir) para a frente!
3. Bem mais que o jogo em campo, o futebolismo europeu (qual movimento político ou religioso com os seus símbolos e os seus seguidores, onde quer que o clube vá!), fez de um desporto um jogo económico que vive fora do próprio campo relvado. É um facto! Que o digam a multidão dos que vivem à sombra da bola, por exemplo, os empresários de jogadores (que enriquecem num já) e os comentadores e jornalistas (que fazem toda a exegese e analítica, tantas vezes do “nada” fazendo a notícia) e as própria televisões (que hoje atingem proporções inimagináveis).
4. Quando em excesso, acaba por tal fenómeno ser o centro da vida, “onde estiver o teu tesouro, aí está o teu coração!” Muitos corações sofrem a vitória ou a derrota… A presente Liga dos Campeões Europeus atingiu um patamar sem precedentes na história europeia. Com aspectos bons, tal como o encontro de grande cidades europeias que hoje “combatem” no terreno futebolístico (ainda bem!), mas com um megaescândalo económico que ultrapassa todas as regras da razão económica. Jogadores a 30 milhões de Euros?! A tal preço muito farão pela Humanidade! Mau investimento, é o que está (mal)! Desporto já há pouco, olheiros muitos, a ver qual a seguinte jogada $! Quem diria que na Europa chegávamos a isto?! Sobreviverá a Europa sem futebol? UEFA = UE?!

Alexandre Cruz

Editado por Fernando Martins | Sábado, 06 Outubro , 2007, 10:45

A TERRA DO ANJO

Caríssima/o:
Falamos nós de JOC…
Pois bem, a Gafanha ficou certamente nos anais desse movimento já que vários de nós fomos responsáveis a nível da Diocese de Aveiro. Para além de outras funções, foram presidentes diocesanos: Manuel Eduardo Ribau, António da Rocha Vareta, Manuel Olívio da Rocha, Manuel Fernando da Rocha Martins, João Gandarinho Ramos e João Gandarinho Fidalgo. Na pessoa destes rapazes fica a minha homenagem e a minha saudação amiga a todos aqueles que passaram pela sede da Residência Paroquial e que, para além das nossas brincadeiras de juventude, muito nós fomos ajudando a crescer e, quiçá, a tornarmo-nos mais responsáveis. E passemos hoje pela Terra do Anjo…
Sabem qual é a Terra do Anjo?
Pois vejamos a lenda que nos pode dizer alguma coisa sobre esta questão. Vamos até à margem direita do Vouga, a duas léguas da cidade de Aveiro. Aí, há muitos anos, existia uma pequena aldeia de pescadores que trabalhava nas águas do rio.
E nessa comunidade havia um homem, já entrado na idade que nunca casara e vivia no sofrimento de não ter um filho a quem ensinar a sua arte e fosse a sua companhia no fim da vida.
A lenda não lhe guarda o nome mas regista que se tratava de uma pessoa extremamente devota a Nossa Senhora. Assim, constantemente lhe dirigia orações, por entre as quais lhe pedia um filho, nascesse este de mulher com quem casasse ou criança abandonada. Às vezes, desencantado com a falta de resposta de Nossa Senhora, dirigia as suas palavras ao rio, seu íntimo no quotidiano. E uma manhã, levando o seu barco de um lado para o outro, o pescador viu uma caixotinha a boiar nas águas, e dentro dela chorava uma criança. Doido de contentamento, agradeceu a Nossa Senhora, interrogando-a sobre o que ela queria em troca, naturalmente ela não lhe respondeu.
Assim o rapaz foi crescendo, aprendendo a vida com o velho pescador, que arranjou outro ânimo para encarar a vida. Toda a gente andava admirada com a felicidade daquela nova família! Porém, a partir de determinada altura, uma nuvem cinzenta começou a pairar nos olhos límpidos do rapaz. É que ele queria saber como é que viera ao mundo. Quem era sua mãe? E seu pai? A história, aliás verdadeira, do seu aparecimento nas águas, contada pelo velho pescador, não o consolava. Ele queria ser como os outros. E não conseguia. Num esforço para desanuviar a existência do seu rapaz, o velho pescador do Vouga levou-o com ele à cidade e foi falar com um padre que tinha fama de muito sabedor. Mas há casos em que os saberes não servem para nada. E ao padre apenas lhe serviu certa sabedoria no trato, mandando para casa os dois pescadores, recomendando-lhes que pensassem noutra coisa. Terá também dito que muitas vezes são insondáveis os desígnios do Altíssimo…
Bem, a vida continuou e, um dia, um clamoroso dia, soltou-se uma epidemia que começou a dizimar a população das margens do Vouga. O rapaz, mostrando a generosidade aprendida com o seu velho pai, atendeu aos doentes. Porém, por desgraça, também ele foi apanhado pela terrível doença. Prostrado no leito, a seu lado tinha o velho a lamentar-se de o ver naquele estado, que piorava em cada dia. E o pai voltou-se de novo para Nossa Senhora, implorando-lhe que lhe salvasse o filho. E à voz do ‘valei-me’, entrou no quarto uma mulher envolta em neve, dizendo: ‘Aqui estou’! Era Nossa Senhora das Neves, dizendo que vinha buscar o rapaz para a sua corte de anjos.
Assim como o dera, o levava para um lugar de glória, reservando-lhe a função de anjo da guarda daquela terra. Que terra? Angeja.” [V. M., 5]
E pronto, fiquemos por aqui que a gasolina da motorizada não nos leva mais longe, por hoje!


Manuel


Nota: De terras sem acentos nem cedilhas, veio a colaboração habitual do meu (nosso) amigo Manuel. Espero ter feito as correcções devidas. Se não aconteceu, estarei sempre a tempo de pôr certo o que está mal.

FM

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