de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 03 Outubro , 2007, 16:14

NÃO ACHO BEM NEGOCIAR COM DEUS

“Rezo todos os dias, mas nunca fiz promessas, nem farei, porque Deus não é subornável”

Nicolau Breyner,

In “Tabu”,
revista do semanário “SOL”
:
Nicolau Breyner tem razão. Há muita gente que olha para Deus como se olha para um negociante. Se me deres saúde, vou à missa ao domingo; se eu sarar, farei mais caridade; se me sair o Euromilhões, darei uma boas esmolas às instituições de solidariedade social; se… se… se…
Pois é verdade. Este relacionamento, ou negócio, com Deus dá mostras de que há gente que ainda não descobriu o Deus-Pai que não tem nada de negociante, isto é, não tem nenhuma apetência, julgo eu, para agir em função do que possa receber em troca.
A oração-negócio está muito enraizada entre os crentes, que atiram para plano secundário a oração-adoração, a oração-agradecimento e a oração-petição, esta última sem o triste espírito de promessa de dar qualquer coisa, em troca do que se deseja receber da bondade, que é o próprio Deus. Não vejo mal nenhum em pedir seja o que for a Deus. Mas, de facto, não acho bem negociar com um Pai que tudo nos pode dar, em função do que necessitamos. Se os pais terrenos dão aos filhos o que lhes faz falta, sem que nada lhes seja pedido, muito mais dará Deus-Pai a todos os seus filhos. Até, porventura, àqueles que nem para Ele olham.

FM
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Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 03 Outubro , 2007, 15:09

SANTA JOANA
CONTINUA A SUSCITAR INTERESSE

O dia-a-dia traz-me sempre curiosidades. De quando em vez, sinto que há figuras históricas que continuam a suscitar interesse e a provocar estudos. Vejo isso, por exemplo, em estudantes que, na elaboração de teses, optam por personalidades que fazem parte da História Pátria ou mesmo local. Essa opção tem a ver, disso estou convencido, pelo exemplo de vida e pela capacidade de intervenção política, cívica, espiritual ou artística dos escolhidos.
Com alguma frequência, sou questionado, por estudiosos ou académicos, sobre pessoas, muito conhecidas, umas, e menos conhecidas, outras, que tiveram como origem terras aveirenses. De algumas delas nunca tinha ouvido falar. E para ajudar os que me procuram, lá tenho eu que telefonar a quem possa dar uma ajuda. Acabo, então, por ficar a saber um pouco mais de quem fez parte dos alicerces das nossas terras e das nossas gentes.
Santa Joana, por razões óbvias, tem lugar de destaque nestas buscas históricas. Mas há muitos outros que, desconhecidos para muitos, até têm túmulos e monumentos em templos e praças das nossas vilas e cidades.
Ainda bem que as nossas universidades vão despertando nos jovens estes gostos pelo nosso passado comum.

F.M.
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Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 03 Outubro , 2007, 12:51



O ESTADO DO MUNDO

1. Com este título temático “O Estado do Mundo” a Fundação Calouste Gulbenkian levou a efeito um intenso programa internacional e multidisciplinar em Fórum Cultural que percorreu as comemorações dos 50 anos (www.gulbenkian.pt/estadodomundo). Neste mesmo contexto, como encerramento deste ano comemorativo, a Fundação apresenta a Exposição “Um Atlas de Acontecimentos”, uma mostra com a presença de 28 artistas provenientes de variados países e de diversas regiões culturais.
2. A estatura que caracteriza a FCG, na actividade cultural quotidiana, ao longo da viagem cinquentenária, e no levantar (de forma simples) das grandes questões fundamentais do nosso tempo [da política às re(li)giões] é meritória e reconhecida. A temática promovida que percorreu o ano desperta em nós a urgência de que é o mundo que nos preocupa, que o global toca (mais que nunca) o local e por isso há-de ser bem compreendido para nos situarmos neste tempo novo, integrando os seus dinamismos e lendo com espírito crítico as suas ambiguidades.
3. O Estado do Mundo? Sim, e nesta questão hoje poderemos colocar o estado da cidade, da freguesia, da associação, da comunidade, da política, da pessoa, da vida, da dignidade humana. A transversalidade das reflexões hoje tornam-se uma obrigação, e, é um facto, os localismos fechados acabam por asfixiar; todavia, também a abertura a tudo o que vem de novo, ilusória, pode deitar a perder identidades saudáveis, patrimónios, valores culturais. Vivemos, hoje, na fronteira do próprio tempo. Talvez a distracção nos torne desatentos ao que urge debater.
4. Globalização nem deverá significar sedução nem rejeição. Ergue-se nesta novíssima fase histórica global uma premente necessidade, sem absolutismos particularistas, de pensar criticamente a história que todos os dias construímos. Como que sem nos apercebermos, muita da história está a “ser” mais ausência que presença, mais distância que sentido (afecto) de Humanidade, mais virtual que real. Desafios inadiáveis estarão aí, onde teremos de reler os grandes “diálogos” da história humana e neles reaprender a reintegrar, acolher a diferença, aquecer a relação e o afecto. Por contraditório que pareça, nunca se falou tanto de certas matérias fundamentais, mas as mesmas para as quais não temos tempo nem alcance, nem modo. Teremos de repensar (quase) as relações de tudo. Sem dramas, sem “coisas” tecnológicas, como pessoas humanas. Os impulsos das globalizações são assim!

Alexandre Cruz

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