de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 02 Agosto , 2007, 12:54
Ribau Esteves, Luís Leitão, António Pinho e capitão Guerra





NA HORA DE RECORDAR
UMA LONGA VIDA DE MEIO SÉCULO

Ontem participei, na dupla condição de gafanhão e de sócio desde a primeira hora, na sessão solene comemorativa das Bodas de Ouro do Grupo Desportivo da Gafanha (GDG), o mais eclético clube da Gafanha da Nazaré, como bem na altura foi recordado. O clube nasceu, oficialmente, em 1 de Agosto de 1957, com a aprovação, em Assembleia Geral, dos primeiros estatutos.
A sessão teve lugar no salão nobre da Junta de Freguesia, ocupando lugares de destaque na mesa, para além dos presidentes da Assembleia Geral e da Direcção, Luís Leitão e António Pinho, respectivamente, os presidentes da Câmara Municipal de Ílhavo, Ribau Esteves, e da Junta de Freguesia, Manuel Serra, o Prior da Freguesia, padre José Fidalgo, e o sócio número um, capitão Guerra.
Na hora de recordar uma longa vida de meio século ao serviço do desporto na Gafanha da Nazaré e no concelho de Ílhavo, em várias frentes, Luís Leitão sublinhou a urgência de todos os gafanhões contribuírem para um futuro ainda mais brilhante deste clube. Já António Pinho, eleito há poucas semanas para dirigir os destinos do GDG, lembrou a necessidade de se continuar a promover “o contrato que nos liga aos fundadores”, fazendo do clube uma verdadeira família que aposte “numa função social com peso na sociedade”.
O presidente da Junta, Manuel Serra, depois de lançar a questão da eventual criação de novas secções, para mais respostas às apetências das actuais gerações, fez um apelo às forças vivas, indústria, comércio e populações, no sentido de ajudarem o GDG a crescer mais, em qualidade e eficiência.
A encerrar a sessão, Ribau Esteves, presidente ilhavense, sublinhou a premência do GDG enfrentar, com mais determinação, “a ambição partilhada por todos de se fazer mais e melhor, de forma solidária e sustentada”. Disse que a autarquia está a apostar numa infra-estruturação com qualidade para a zona do Complexo do GDG, com áreas de desporto e lazer, finalizando a sua intervenção com um apelo à premência de “recentrarmos as nossas preocupações fundamentalmente no Homem”. Urge cultivar nos jovens o espírito de cidadania na prática do desporto, em especial na lealdade para com os adversários, “com poucos cartões amarelos e nenhuns vermelhos”, salientou. Recordou ainda que a Câmara de Ílhavo distinguiu, recentemente, o GDG com a Medalha de Ouro do Município, por ter completado 50 anos ao serviço do desporto do concelho.

Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 02 Agosto , 2007, 12:05
SUPERFICIALIDADE
CHEIA DE VAZIO OU DE NADA

De há muito que me impressiona que muitos estudantes terminem o secundário e mesmo o superior sem que tenham adquirido qualquer hábito de leitura, vontade de saber mais e alegria pelo que já conseguiram. Uma prova imediata desta pobreza e vacuidade é o estilo tradicional das festas de finalistas e a onda de desânimo perante dificuldades normais, se estas surgem. Por aqui se vê onde chegou o grau de cultura, aquisição de saber e capacidade, de ser de muita gente que encheu escolas durante anos.
Não se estuda para saber, para participar criteriosamente da riqueza do património cultural da humanidade, para produzir nova cultura, através de uma participação, válida e séria, na vida social, para satisfação interior. O horizonte era pequeno e assim ficou, por certo, passados os anos. Basta um emprego que não demore, onde se ganhe bem e não se tenha muito trabalho, o resto é para intelectuais, investigadores e diletantes porque os livros não dão pão.
Quando emerge algum jovem que, dentro ou fora do país, é reconhecido pelo seu saber os jornais falam como se se tratasse de coisa rara, porque de facto o é. O que devia ser normal, segundo os talentos de cada um, tornou-se uma coisa extraordinária.
Não obstante, nunca houve tantos licenciados, mestres e doutores. Um benefício de assinalar, fruto da legítima democratização do ensino e de uma exigência inegável dos novos mercados de trabalho que exigem cada dia mais qualificação.
A cultura, por si e para muitos, não justifica tanto trabalho e, quando o emprego não está logo ali à porta de escola, lamenta-se ter um curso para nada, culpa-se o estado que ninguém quer como patrão, mas é com isso, no fundo, que se sonha. Tudo como se a longa aprendizagem, reconhecida por um diploma, não capacitasse, também, para deitar mãos à vida, saltar o muro das dificuldades, ser criativo e inovador e construir caminhos novos, que até podem ser reconhecidamente meritórios, para o próprio e para outros.
Alguns jovens, que não se resignam nem esperam que os outros continuem a fazer tudo eles, vão já fazendo história. A instrução é, também, uma enxada para a vida, embora muitos pais digam que querem que os filhos estudem para se livrarem da enxada…
Se o ideal é ganhar muito, depressa e com pouco trabalho à vista, nem todos nasceram génios do futebol, nem privilegiados do euromilhões e terão de se decidir palmilhar os caminhos normais da vida, porque a sorte contempla os audazes, não os desanimados.
Toda esta epidemia de gente amarga, pelo que tem e pelo que não tem, se pode reportar a causas conhecidas. A escola é para muitos um mal menor e o importante é passar, porque assim o exigem as estatísticas do estado e da Europa; muitos professores, desmotivados por razões múltiplas, perderam o entusiasmo e acham que o seu dever não é educar e dar um contributo, ao lado de outros, para capacitar o aluno para uma vida, nem sempre fácil, mas que pode ser sempre realizada e feliz; os projectos educativos são muitas vezes castradores de horizontes com raízes e razões; a família, instância educativa fundamental não consegue situar-se numa sociedade sem valores e sem rumo; a comunicação social enfeudou-se às audiências e a elas subordina tudo o resto; as forças morais, importantes na sanidade do país e futuro dos jovens, são desacreditadas a torto e a direito; o estado empobrece os ideais por via das medidas que implementa; a sociedade globalizada muda cada dia e comporta desafios a que não se atende…
O futebol volta. A política volta à ribalta, sem prestígio. A literatura do vazio vende-se cada vez mais. As férias aí estão e coisas sérias não têm agora lugar… Amanhã as escolas abrem e o importante é ter lugar e tudo comece sem demoras nem sobressaltos. A carga frustrante de hoje não se alija assim sem mais nem menos. A escola está doente e os problemas da educação, embora gerais, têm consequências graves e imprevistas.
A vida será isto e só isto? É a pobreza de um pragmatismo, sem ideias nem sentido, que nos empurra para aqui. E neste horizonte fechado não se vê sinal de luz nem de esperança.
António Marcelino
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