de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 19 Julho , 2007, 14:58


A IBÉRIA



“Portugal acabará por integrar-se na Espanha... num país chamado Ibéria.” Esta foi a ideia bombástica proclamada pelo Nobel da Literatura José Saramago, há anos a residir em Lanzarote, uma ilha do país vizinho. Em resposta, não faltaram palavras e escritos de indignação, por se considerar tal afirmação como antipatriota e até irrealista. Confesso que não vou por aí. Portugal, há nove séculos, nem sequer existia e quando nasceu, presumivelmente em 1143, não era nenhuma nação, conceito que talvez nem existisse. O que havia, muito simplesmente, era interesses económicos e de poder de uns tantos senhores de Ribadouro, que gostavam de zelar pelo que era seu, sempre com ânsias de aumentar o seu poderio.
O conceito de nacionalidade veio muito depois, tendo-se manifestado, mais concretamente, em Aljubarrota e nas lutas então travadas com Castela. Depois, Portugal cresceu com os descobrimentos e conquistas, surgindo posteriormente a ideia de nação multicultural, multi-racial e multicontinental já no século XX. Há uns 50 anos, os portugueses acreditavam que Portugal estava mesmo, como nação, em todos os continentes, tendo como unidades intrínsecas e fundamentais a língua e a religião comuns. Pura utopia. Nunca conseguimos levar todos os povos que dominámos, pela força ou pela persuasão do diálogo, a falar, na sua grande maioria, o português, nem, tão-pouco, a comungar a mesma fé. É certo que milhões de brasileiros falam a língua de Camões, no entanto de forma original, de maneira cantante e expressiva, com variantes que nem sempre entendemos, que os cabo-verdianos nunca puseram de lado o crioulo, que em Angola, Moçambique e Guiné há linguajares próprios em cada etnia, que em Timor e Macau muito poucos já se entendem num português escorreito.
Depois, como toda a gente sabe e sente, com a entrada na UE, por razões meramente económicas e sociais, aderimos a um processo histórico que, mais tarde ou mais cedo, conduzirá a uma diluição da nossa cultura e identidade. Não será um processo rápido, mas, mais século menos século, produzirá os seus efeitos, que, decerto, não estaremos cá para ver.
Há 900 anos não existíamos como nação. Não serão precisos outros tantos anos para fazermos parte de um mundo que nada tem a ver, politicamente falando, e não só, com o actual. As fronteiras serão outras, as línguas e os interesses culturais, sociais, políticos e económicos sofrerão as consequências da lei do mais forte e nada será igual aos sonhos que temos sonhado. Portugal, pura e simplesmente, poderá não existir. Claro que nós, enquanto por cá andarmos, temos a obrigação de o defender, para o podermos legar aos vindouros, tal como o recebemos. Uma coisa é certa: a minha geração, que acreditou na tal nação multicultural, multi-racial e multicontinental, já vai deixar uma outra, mais pequenina e um pouco perdida num recanto da Europa, sofrendo as influências de ventos vindos de todos os lados, com cargas culturais que há décadas nem sonhávamos. Quem nos garante, então, que José Saramago não terá alguma razão? Quem sabe até se o tal país Ibéria não teria alguma lógica, ao menos para nos aguentarmos mais uns séculos, por poucos que sejam?
Vamos indo e vamos vendo, como diz o cego. Eu cá gostaria que Portugal fosse eterno. Mas como eterna só é a nossa alma… em Deus…

Fernando Martins
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Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 19 Julho , 2007, 14:55


MARIA DO CÉU

Com os anos a pesarem, a varredora arrasta-se no seu labor mecanizado na busca das folhas caídas do arvoredo. Empregada da empresa encarregada do asseio citadino, vejo-a com frequência da esplanada do bar onde matinalmente costumo saborear o café, de mistura com o ar puro que o parque me oferece. A mulher deambula de um lado para o outro indiferente aos olhares de quem está ou passa. Baixa-se com dificuldade, puxa com as poucas forças que lhe restam o saco preto de plástico semicheio de lixo, ergue-o a custo para o despejar no carro de mão e volta à cata de mais folhas, mas também de papéis atirados para o chão por gente graúda e miúda que corre apressada, sem cuidar de saber das recomendações que periodicamente se badalam para haver respeito pelo ambiente, que é propriedade de todos.
De quando em vez, o capataz lá aparece para dar as suas ordens:
– Olhe ali; quero isto limpinho como um brinco; não quero queixas de quem paga!
Maria do Céu, assim se chama a mulher que me prende a atenção e me desperta os sentimentos nascidos à sombra de quem sofre e luta, obedece apressada sem mostrar enfado, num gesto maquinal de quem está habituada a cumprir ordens.
De rosto cansado por vida agreste, os seus olhos claros e expressivos não escondem uma beleza que teima em se manter viva. Já reformada da indústria conserveira, continua a trabalhar porque tem de ser. Porque a sua reforma e a do marido, incapacitado por doença degenerativa, não dão para sobreviver. A renda de casa, a alimentação modesta e os medicamentos do dia-a-dia levam todo o dinheiro que chega no fim de cada mês. Os dois filhos, casados e com encargos familiares, não descobrem hipóteses de os ajudar, embora sintam ser sua obrigação olhar por quem lhes deu o ser e a educação.
Maria do Céu sabe disso e até já tem conversado com o marido, o Zé Morgado, lamentando a sina de quem nasce pobre. Com fracos ordenados, pouco puderam dar aos filhos para singrarem na vida, para além da arte da pesca costeira, que ambos assumem com alguma vaidade. Não são eles lobos-do-mar? O que ganham, porém, mal dá para educar os rebentos que vão crescendo e para o dia-a-dia, sem grandes aventuras.
A meio da manhã, sol forte de Verão a convidar ao descanso, apenas por uns minutos, a varredora senta-se à sombra de uma árvore enorme, com décadas de existência a enfrentar as ventanias que assolam a região, em qualquer época do ano. De um saco de plástico com asas, dos que são oferecidos nas compras, sejam ricas ou triviais, tira uma sandes de qualquer coisa, que a distância não deixa perceber, e come, mastigando serenamente, como quem deseja perpetuar o tempo ali sentada.
Maria do Céu não consegue esquecer o seu Zé. Agora lembra-se de como seria bom estar junto dele, apesar de a doença o levar a ficar cada vez mais rezingão. Protesta por isto ou por aquilo, mas logo a seguir dirige olhares de ternura para quem o acompanha, com muito amor, há mais de 40 anos. Os dois são um casal feliz, apesar das agruras da vida, desde o dia inesquecível do seu casamento na igreja matriz, onde juraram amor e fidelidade até à morte. Jovens, olharam para o futuro com esperança, alimentando sonhos que se foram multiplicando, ao mesmo tempo que muitos deles se esboroaram. Sem angústia, aceitam a pouca sorte que os acompanha, habituando-se a viver com o pouco que vão tendo.
Ao bater do meio-dia, apressa-se a arrumar as alfaias do seu trabalho e vai apressada a casa, para ajudar o marido no que for preciso. O almoço, feito de véspera, é coisa simples, desde há muito: uma sopinha e fruta. Pouca porque é cara. Mas neste dia o seu José não quer comer. Diz-se cansado e sem apetite. Não resmunga e ao ralhete da mulher, para que coma, responde com um silêncio que a inquieta.
Nem por isso, contudo, pensa que seja algo de grave.
– Queres ir ao Centro de Saúde? – pergunta Maria do Céu.
A resposta, lacónica, é um não ciciado.
Nessa tarde, a varredora está ausente das suas obrigações profissionais. Os seus pensamentos voam para casa, para junto do homem que é a razão do seu viver. No parque, os trabalhos rotineiros sucedem-se, sem grande esforço mental. Mas o desejo que a domina diz-lhe para deixar tudo e para correr para junto do seu Zé. Correr como quem busca uma certeza: a de que ele está bem, que aquilo não passa de um incómodo passageiro.
Ao bater das seis da tarde, larga tudo e parte apressada e ansiosa. José está prostrado, indiferente à vida. Maria do Céu olha-o, assustada, e grita pela vizinha. A ambulância leva-o, já a desligar-se do mundo, para o hospital. Não há nada a fazer.
A varredora volta ao quotidiano, depois do luto estipulado por lei. Recusa o convite dos filhos para morar com eles, um mês em casa de cada um, para não se sentir abandonada. Não há quarto para a mãe, mas tudo se arranja. Não aceita. Nem quer pensar em deixar o lar modesto em que sempre vivera com o seu José. Ali vai continuar até Deus querer. Com as suas recordações, com sonhos realizados e por realizar, pisando o chão que foi de ambos, ouvindo os risos dos filhos pequenos, sentindo as palavras, as gargalhadas e a teimosia rezingona do homem que ama e a faz feliz.
Aos fins-de-semana recebe a visita dos filhos e netos. Nos primeiros tempos de viuvez, com regularidade. Depois tudo volta a ser como dantes. Maria do Céu começa a sentir-se mais só. O trabalho regressa à normalidade. De manhã cedo, no parque verdejante e cheio de arvoredo, aprecia o ambiente de forma diferente, enquanto recolhe a natureza morta. Por lá ciranda muita gente. De quando em vez, há crianças que brincam, correm e jogam, perante os olhares atentos dos professores e educadoras. A varredora olha-as enternecida e regressa à infância dos seus filhos. Reconhece que está a rejuvenescer. Agora, todas as manhãs acorda com pressa de ir para o parque. O desejo de ver as crianças com tanta vida dá-lhe mais ânimo. E consegue trabalhar com um olho no lixo e outro na ingenuidade amorosa de quem começa o jogo da vida.
Maria do Céu sente-se mulher para continuar a lutar. Até parece que não a afecta o peso dos anos. Nem sequer dá pelas dores nos ossos e músculos. E à noite, quando se deita, os seus pensamentos não conseguem sair do parque. De manhã, lá estará no meio de tudo e de todos, sem que ninguém a note e sem perturbar quem está.
Há dias, numa tarde amena, contra o que era costume, não tem vontade de regressar a casa. Por ali está bem, presa a gestos e a sorrisos cantantes que lhe não saem do ouvido. À tardinha, as crianças deixam o parque com os seus acompanhantes e Maria do Céu resolve descansar um pouco. Sentada, junto da árvore que adoptou como sua, fecha os olhos e recorda o que a vida lhe havia dado de bom com seu Zé e seus filhos. Como tantas vezes havia feito ao longo da existência.
Adormece tranquilamente, com a cabeça a cair-lhe sobre o peito. O capataz, ao vê-la assim, aproxima-se e pergunta:
– Maria do Céu, então o trabalho?
A varredora não responde. Foi encontrar-se com o seu Zé.

Fernando Martins

Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 19 Julho , 2007, 14:37



BUGAS

Quem chega a Aveiro tem uma boa prenda da cidade. Boa prenda, porque é um convite à descoberta da cidade, sem precisar de gastar dinheiro. Só necessita de tempo e de boa disposição. A prenda, afinal, é a possibilidade de utilizar a BUGA (Bicicleta de Utilização Gratuita de Aveiro), posta à disposição de todos, sem qualquer custo. O visitante salta para o selim, carrega nos pedais e aí vai ele por ruas e ruelas, passeios e largos, ao lado dos canais da ria ou deles afastado, à cata do que Aveiro tem para ver: Edifícios da Arte Nova, bairros populares, palacetes e barcos moliceiros, salinas (quase só para turista ou estudiosos verem) e monumentos diversos, de tudo um pouco. Depois, pode parar em qualquer canto para saborear os ovos-moles e continuar a pedalada.
As Bugas, diga-se de passagem, estão em qualquer canto. É só olhar.
Boas férias para todos.

Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 19 Julho , 2007, 14:32
COM OS DE FAFE NINGUÉM FANFE

Caríssima/o:

Muitos de nós se lembrarão do Ti João Bola, o Regedor.
Gostaria de o trazer para a nossa companhia por breves minutos já que foi figura marcante na minha vida. Moço, cheio de vida e de ilusões, regressei à Gafanha para dar aulas na Escola da Marinha Velha. Quantas vivências com o Regedor! Homem bom, amigo do seu amigo, mas representante da lei, ele era a autoridade. Uma vez estivemos em campos opostos: foi na altura de passagem de ano e nas lendárias “comemorações” que programámos e realizámos. E justiça se lhe faça: o senhor Regedor nunca aceitou sequer que lhe dissessem que o professor...
Isso tudo já lá vai. Mas foi pela sua mão que me vi envolvido no Censo de 1960. Experiência que interpela qualquer um que se lhe dedique. A mim abriu-me os olhos e o coração para as Gentes da nossa Terra. Encontrar no mesmo pátio pessoas oriundas das mais diversas regiões do nosso Portugal, unidas pelos mesmos anseios e cruzando as suas vidas ao ponto de fazerem nascer novas famílias, foi algo que fez renascer a esperança numa nova Gafanha. Afinal qual o alvor desta Terra que ouve sussurrar a Ria e trovejar o Mar?
O grupo que se impunha era o de Fafe. E será que a lenda nos ajuda a compreender o clima de tricas e zaragatas que se viveu? Ei-la:

«Com Fafe ninguém fanfe, diz a voz popular. E há vinte e poucos anos que, como amostra, pode dar uma cotovelada no parceiro que quiser fanfar, mostrando-lhe as duas toneladas de bronze que representa a Justiça de Fafe. O que decerto não se poderá explicar é a razão de tal monumento, obra do escultor Eduardo Tavares, ter sido descerrado exactamente no largo traseiro do Palácio da Justiça da cidade! Vamos à lenda, antes que se faça tarde.
É voz corrente que a questão teve lugar no século XIX e como protagonista o visconde de Moreira de Rei, um político local de grande influência, com fama de homem de bem, mas avesso a levar afrontas para casa. Ora, um dia, sendo deputado às Cortes, chegou atrasado a uma sessão desse órgão, escutando uma reprimenda de um marquês qualquer, também deputado, que ainda por cima lhe terá chamado cão tinhoso. Fingindo não ter escutado o insulto, o visconde de Moreira de Rei fez tranquilamente a sessão. No final, procurou o marquês e censurou-o firmemente pela maneira grosseira como se lhe dirigira. O outro, petulantemente, não se escusou, antes lançou uma luva à cara do visconde, desafiando-o para um duelo.
Ora como ofendido, nisto dos duelos é assim, coube ao Moreira de Rei escolher as armas. Geralmente eram espadas ou pistolas. Porém, o visconde apresentou-se no local da resolução do conflito com dois belos varapaus. O marquês ficou atarantado, pois não sabia utilizar tão plebeia arma. Já o visconde era exímio no jogo do pau. E aconteceu exactamente isso que calculam, desancou o marquês, pondo-lhe o lombo num feixe! E diz quem sabe a lenda que a assistência exultava dando vivas à justiça de Fafe!
Mas há pelo menos mais duas versões desta lenda. E uma delas é a de um morgado de Fafe que foi a Lisboa a uma reunião de gala, onde viu como um alfacinha desfeiteava uma senhora. Pois não esteve com meias medidas e sacudiu-o, pelo que o outro o desafiou para um duelo. Aqui coincide a versão de ter sido o varapau a arma e o outro, coitado, também levou que lhe chegasse.
Porém, deixa-nos um tanto perplexos a terceira versão, pois recua cronologicamente até ao tempo do Conde D. Henrique, seja à antecâmara da nacionalidade portuguesa. Existia então um cavaleiro chamado D. Fafes Talesluz, alferes-mor do pai de D. Afonso Henriques, e a quem foi doado Monte Longo – antiga designação de Fafe, como saberão – mercê esta pelos seus feitos ao serviço do conde.
Pois D. Fafes era casado com uma senhora muito bondosa, amiga dos pobres e do povo em geral. Só que, em dada altura, o cavaleiro teve uma paixoneta pela aia da esposa. Ambiciosa, querendo D. Fafes só para si, ela envenenou a ama. E como o povo se apercebeu que aquela morte não havia sido natural, calculando quem matara, foi a casa de D. Fafes exigir que a aia lhe fosse entregue. Assim aconteceu a justiça de Fafe: uma carga de paulada na bela senhora, até que esta embarcou para o outro mundo. Afinal de contas, a justiça de Fafe só tem um protagonista comum em qualquer episódio, o lódão
.»[V. M., pg. 94]
Isto de lendas é assim...Claro que os tempos são outros e apetece perguntar: Onde estão os de Fafe, os “Fafeiros”?
Manuel
:
NOTA: O Tecendo fica já aqui, não vá dar-se o caso de eu não poder visitar a Net no fim-de-semana.
F.M.

Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 19 Julho , 2007, 11:11
Os não nascidos
e os impedidos de nascer

A notícia, a princípio bem discreta, só vinha em poucos jornais, se comparada com o grande relevo dado, sem recriminações, à desobediência dos hospitais do Estado sobre os abortos já realizados. “ Mais de 60 abortos só num mês e ainda sem lei” era título do dia. Uma lei, como sabemos, que permite a algumas mães, muitas a custas do erário público, que mandem matar o filho que trazem no seio, se assim o pedirem de harmonia com o que está determinado.
Antes da lei, já nada é ilegal. E isso não interessa aos servidores do Estado que lhe dão cobertura e retiram importância, não vão as coisas complicar-se mais.Diz a princípio a tal notícia discreta, depois já em primeira página e devido relevo, que “A natalidade atinge em Portugal o valor mais baixo de sempre”, ou que “Nascimento de bebés em 2006 é o mais baixo desde que há estatísticas”. É o Instituto Nacional de Estatística a fonte. O índice de natalidade foi de 1,36, com tendência a descer e sem se ver saída para situação tão preocupante, para quem ainda se preocupa.
O país endoidou, está visto. E são os serviços oficiais que adiantam, triunfantes, todos os dados sobre os hospitais credenciados para abortar, os que à revelia da lei se anteciparam à regulamentação, as clínicas particulares autorizadas para o mesmo efeito. Já se anunciam dez! São eles que garantem, por fim, que onde houver médicos objectores de consciência, são sempre os médicos “o problema mais complicado”, está desde já assegurado que o aborto se executará em qualquer outro sítio, público ou privado. O Estado paga, ou seja, nós pagamos. Que especiais deveres estes do Estado!...
As clínicas espanholas já estão a actuar e a escolher, pressurosas, as cidades mais aptas para facilitar o negócio e sossegar os governantes, os partidos e os votantes do sim. Para já, Lisboa em acção e Porto em preparação. Por cá, clínicas com longa história e onde sempre se fizeram abortos, agem agora com plena tranquilidade. O ministério já fez cálculos ao preço e os outros publicaram, de imediato e para que se saiba, as tabelas, segundo as diversas modalidades abortivas. Coisa que não acontece em nenhum outro caso clínico cirúrgico. É preciso cativar a freguesia que se vai dispersar. Onde estiver a imaginação e a perspicácia do negócio, estará o poder de competir e triunfar.
Tudo isto merece uma leitura cuidada. O que se previa está já aí à vista na praça pública. Adiante se verá mais, que o tema não se esgota, nem depressa, nem de vez.Mas, se há muita gente eufórica com este triunfo de uma cultura de morte que legalmente se implantou em Portugal, sem que deixemos de denunciar o que muito nos envergonha e em nada nos dignifica, há que unir vontades e forças ante o decrescimento galopante da natalidade, para que a vida possa triunfar e seja sempre considerada o maior e o mais indiscutível dos valores humanos, o único que é comum a todos.
Porque se manifestam tão pouco interessados, quer o governo, quer a opinião pública, em encontrar razões válidas para esta situação, em promover a natalidade e em ajudar e exigir condições para que os casais fecundos possam gerar filhos? Toda a gente diz que gosta de crianças. Porém, os pais que têm coragem para gerar filhos, se vão além de dois, são taxados de insensatos. O fisco, atento às ofertas feitas, ainda que esporadicamente e por vezes com sacrifício, pelos pais que querem ajudar os seus filhos, casais novos com filhos e dificuldades acrescidas, logo se apressa a cortar o abono de família das crianças com direitos, se a oferta parece grande e sem se atender a de que maior é a necessidade de quem a recebe. Para fazer bem já se paga imposto!
Não se aprecia a vida nascente, a generosidade dos familiares generosos e atentos, a estabilidade do casal em dificuldade, as despesas necessárias com os filhos, a coragem dos cidadãos mais sacrificados, socialmente mais determinantes, castigados até por terem filhos e por haver avós que os ajudam a criar… Então, o que é agora verdadeiramente importante neste país e para quem governa?Temos de nos interrogar, seriamente, sobre um problema tão grave, como actual.O acomodar-se indiferente ante o drama das crianças não nascidas ou impedidas de nascer é atitude suicida, por mais que se diga o contrário. A história anotará os novos criminosos.

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