de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Segunda-feira, 07 Junho , 2010, 17:12

 

 

Da minha janela...

 

Maria Donzília Almeida

 

O olhar perdia-se na lonjura da paisagem. Um dia sereno, de sol alto, convidava a esta contemplação. À memória vinham os pensamentos que, por estas alturas, povoam a mente dum professor. A aproximação do final de mais um ano lectivo, com os afazeres que a ele estão ligados: as últimas avaliações do período e do ano, o ultimar de tarefas e actividades programadas no plano anual da escola, toda a gestão escolar inerente a uma dinâmica de sucesso, enfim, um sem-número de coisas que se acumulam e esperam despacho nestes dias de Verão irregular.

Foi neste torvelinho de pensamentos que fui surpreendida por uma visita grata, que me arrancou àquele torpor. Era uma criaturinha de palmo e meio que saltitava, picando aqui e ali, com o seu longo bico LS (long size), ali, mesmo em frente dos meus olhos e num serviço gratuito de escarificação do jardim. Pouco depois apareceram os melros vestidos de preto e bicos de lacre e as rolas com os seus vestidos de noiva chá-mate.

Apesar dos pensamentos lúgubres a que me entregava naquele preciso momento, alimentados por um cansaço sobre-humano, não pude ficar indiferente àquele espectáculo duma parcela da fauna ornitológica com que a Divina Providência me presenteou. Sou muito sensível a esta classe de seres vivos, as aves, especialmente aquelas que gozam da grande felicidade duma liberdade incondicional. Sim, gosto muito de ver aqueles corpinhos cobertos de penas, tão leves, tão graciosos, a saltitar como bolinhas de ping-pong. Ah! Mas quando tenho a ventura de ser visitada pelo meu amigo pica-pau, pois ele vem periodicamente ver-me (!?), rejubilo! Fico verdadeiramente grata ao Criador, pelas maravilhas que ele operou, cá na terra e... no meu jardim! Aquele bico enorme, que parece ter o prolongamento no penacho que tem na cabeça, dá-lhe um ar majestático e elegante. O manto de penas estriadas e alternando entre o castanho e o preto confere a esta ave um porte altivo e soberbo! Digo com todo o ênfase: gosto muito do meu amigo pica-pau, que se pode orgulhar de pertencer a uma classe que eu aprecio e protejo.

Menos sorte têm os irmãos insectos que para além de não gozarem da simpatia desta criatura, ainda lhe despertam por vezes tendências homicidas! Ninguém é perfeito! Não se pode gostar de todos! Ainda se ao menos as moscas, mosquitos, melgas e baratas vivessem a sua vidinha de insectos miseráveis! Mas quando se intrometem connosco... uff... é uma guerra aberta! Apesar da exiguidade do seu tamanho, muitas vezes vencem, especialmente as melgas!

Como em tudo há a excepção à regra, também aqui se excluem duas espécies de insectos: as joaninhas e os grilos! A beleza colorida das primeiras e a música sinfónica dos segundos fazem-me ter um apreço e uma grande ternurinha por ambos.

Há quem afirme que os grilos são parentes próximos dos gafanhotos! Será?

 

 

06.06.10

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