de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Domingo, 02 Maio , 2010, 07:52

PELO QUINTAL ALÉM – 19

 

 

 

:

 

 

O SABUGUEIRO

 

A

Chico da Lila,

Companheiros da Cambeia e do Esteiro

                                         

Caríssima/o:

 

a. Não fora a memória das vivências de criança e onde já estaria o nosso sabugueiro!?... O António Lamarão bem teimava que só está a ocupar terreno e que não dá nada... é só sombra e a comer o que é devido às videiras... Apesar disso e de muito mais, lá estão as suas flores a anunciar que a Primavera avança e traz consigo os perfumes, as cores e, mais tarde, os sabores que nos vão transportando rumo ao futuro.

 

e. Nos nossos tempos de escola, longe ainda plásticos e acrílicos, era com os ramos do sabugueiro que fazíamos os nossos tubos para espingardear companheiros e companheiras. Tirava-se a medula, introduzindo um arame, e o tubo estava pronto e à espera das balas de papel amassado.

E também no Esteiro, o Chico da Lila fazia um figuraço mergulhando e com o tubo lá se mantinha debaixo de água, passeando pelo fundo, para regalo e gáudio da rapaziada.

Não me recordo onde estava a planta fornecedora da matéria prima, mas devia ser em algum esconso onde só os gatos teriam poiso.

 

i. Certo é que não se vislumbrava utilidade para além das que aí ficam; evidente, também se queimava em fogueira cujo calor abriria os berbigões e escaldava as couves para a lavagem dos recos.

 

o. Geralmente, utilizam-se flores de sabugueiro para fins terapêuticos. Indicado para afecções pulmonares, bronquite, dor de garganta e como expectorante; ainda para inflamações nos olhos, purificador do sangue e também actua nos reumatismos, na purificação dos rins, e provoca o suor.

É muito comum, até nos dias de hoje, colocar flores de Sabugueiro na água da banheira, para relaxamento e pele cansada.

 As bagas secas são excelentes contra a diarreia (mastigar dez bagas - frutos, 3 vezes por dia).

Nesta altura em que tanto se fala da gripe, surge um facto novo: um grupo de pessoas, em Salzedas, tem nos últimos quatro anos tomado licor de bagas de sabugueiro. Afirmam que neste tempo ainda nenhum se constipou, muito menos foi apanhado pela gripe.

 

 As flores de sabugueiro são  lindas e perfumadas e, na culinária, servem para enfeitar saladas, doces, sempre usadas cruas e frescas.

 

De facto, as virtudes desta planta (das flores, folhas, cascas, bagas,...) são tais e tantas que o que aí fica certamente aguçará a curiosidade...

 

u. Haverá algo mais a acrescentar?

Se há... Umas curiosidades:

 

1. A FESTA DA FLOR DE SABUGUEIRO - “Graças a esta árvore e ao riquíssimo património plantado no concelho de Tarouca, foi criada uma associação, com ela um rancho folclórico com o objectivo de preservar a cultura popular, nomeadamente os trajes, danças, cantigas, usos e costumes do povo do Vale do Varosa, além da ocupação dos tempos livres dos jovens, retirando-os dos meios alienatórios que os podem levar à destruição.

Faz-se uma grande festa para comemorar a flor do sabugueiro. Essa festa realiza-se na segunda quinzena de Maio, porque é nesta altura que os campos ficam todos floridos e branquinhos, de perto até parecem jardins e de longe fazem lembrar a neve”.

O sabugueiro é a árvore mais importante dessa região, porque a sua baga, depois de apanhada, “esbaganhada” e seca, é exportada para  Espanha, França e Alemanha. É utilizada para fazer corantes, licor e compotas.

 

  2.Crenças!

Os antigos achavam que dentro de cada sabugueiro morava uma curandeira que tinha sido morta na inquisição de forma injusta.

Não vão longe os tempos em que as flores eram colocadas nas portas e janelas das casas para impedir a entrada de males ou ainda nas tumbas para proteger os defuntos das bruxas e espíritos maléficos.

Existe uma lenda na Inglaterra e Irlanda de que os cabos das vassouras das bruxas eram colhidas dos sabugueiros.

Dizia-se que da sua madeira foi feita a Cruz do Calvário, e por esse motivo, acreditava-se que dava azar cortar um tronco de sabugueiro.

 

 3. Flautas.

 O nome Sambuccus (sabugueiro) vem do grego “sambuke” ( flauta musical ), pois os galhos ocos eram usados para fabricação de flautas na antiguidade.

 

E na falta da melodia da flauta, fico-me com o gorjeio dos canários do vizinho.

 

                                Manuel  

 


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