de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 23 Março , 2010, 21:43

 

 

 

Ainda há alunos para o quadro de valor e excelência

 

por Maria Donzília Almeida

 

 

Contrariando os arautos da desgraça que apenas apregoam aos quatro ventos, a miséria que se passa nas escolas portuguesas, venho, com  certa audácia, manifestar a minha dissidência quanto ao assunto.

Estamos a ser bombardeados todos os dias, pelos mass media, com notícias da agressividade e violência de que são palco esses locais. É do carácter sensacionalista e invulgar que se reveste a notícia, para ter impacto nas pessoas e alimentar o espírito mórbido de muitos. Se viessem a lume os episódios de solidariedade, entreajuda, de altruísmo e abnegação de que são imbuídos muitos alunos e professores; se fossem publicitadas as actividades pedagógicas tão construtivas que ocorrem no espaço escolar e envolvem o esforço de tanta gente; se... se... talvez não fosse preenchido todo o tempo de antena dos telejornais, apenas com essas desgraças. O leitor/espectador vai ficando assim, com uma visão truncada da realidade.

Sem pretender escamotear o que de grave está a passar-se na sociedade portuguesa, gostaria apenas de chamar a atenção para o que de bom ainda existe no ser humano, inclusive na malta jovem.

Vem isto a propósito de uma aula de substituição, num sétimo ano, em que estava a faltar a professora de Português. Esta encontrava-se doente e... posso garantir, a viva voz, que não era por qualquer motivo atinente à escola.

 

 

Inquiridos sobre a actividade que sugeriam para ocupar essa hora, imediatamente se levantou a voz do N..., outrora considerado um aluno irreverente, a dizer: Vamos escrever uma carta à professora, a dar-lhe força!

Fiquei verdadeiramente perplexa, pois não estava à espera de tão inusitada sugestão. Tiveram a minha ajuda para redigir a carta, foram opinando sobre a forma como deveria ser conduzida a escrita. Acima de tudo deram, ali, uma prova inequívoca, de que neste meio pequeno, mas tão descaracterizado socialmente, ainda há civismo e valores a cultivar.

E, à guisa de conclusão, queria também reforçar a ideia de que ainda há alunos, de boa cepa, ainda há candidatos para o quadro de valor e excelência!

Não nos deixemos inquinar pelo cheiro fétido da violência, a que agora pomposamente deram o nome de bullying, importando do mundo anglo-saxónico aquilo que eles deviam pôr no dustbin!

 

23.03.10

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