de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 18 Março , 2010, 08:00

 

 

Universidade Sénior organiza
tertúlia sobre a Comunicação Social
 
 
Decorreu ontem,  dia 18, nas instalações da Fundação Prior Sardo, um encontro de alunos da Universidade Sénior cm três jornalistas: Fernando Martins, antigo Director do Correio do Vouga, colaborador de diversos jornais regionais e criador do blogue Pela Positiva; Carlos Naia, antigo jornalista do Jornal de Noticias e colaborador na imprensa regional e rádio; e Torrão Sacramento, Director do jornal O Ilhavense.
Carlos Duarte, coordenador da disciplina Fotografia/Comunicação, após ter apresentado os convidados, lançou aos três oradores as seguintes questões: Qual a história de O Ilhavense e de que forma continua a existir, dirigida a Torrão Sacramento; as principais diferenças do jornalismo de há 20 anos e o de hoje, para Carlos Naia; e, para Fernando Martins, como foi a transição de jornalista da imprensa escrita para a comunicação através de blogues e a sua opinião sobre a forma como se faz jornalismo hoje.
 
 
O Director do jornal de Ílhavo, começou por descrever a história do jornal desde 1921, ano da fundação, pelo Professor Pereira Teles,  e cuja família continua hoje a ser a proprietária do jornal. Curiosa foi a apresentação de alguns manuscritos de 1905 (O Jardim) e a Violeta (1908) de autoria do fundador de O Ilhavense, cuja publicação, até hoje, só foi interrompida por oito meses.
O suporte financeiro tem sido a maior preocupação no jornal, já que nem todas as instituições que deveriam apoiar o jornal o fazem, enquanto apoia outros jornais em outras localidades, devendo-se esta atitude à independência que sempre tem existido no jornal. o qual sempre esteve e continua aberto a todas as opiniões que tenham por objectivo o engrandecimento de Ílhavo, sem olhar a cores partidárias ou a credos religiosos, afirmou Torrão Sacramento 
Carlos Naia aproveitou para enaltecer a importância da imprensa regional e a força que tem junto das populações e em especial dos emigrantes, salientando o trabalho do Director de O Ilhavense na divulgação da região. Sobre a crise na imprensa com o encerramento de jornais, alertou para o facto da existência dos jornais gratuitos que, sendo propriedade de grandes grupos económicos, possuem uma máquina comercial de grande qualidade, estando neste momento a pôr em causa a imprensa tradicional, já que os anunciantes preferem publicitar os seus produtos nos jornais que se lêem mais.
A velocidade das noticias, com o surgir da Net onde a informação é, no momento, criam problemas que, para Carlos Naia, poderá vir a acabar com os jornais, tal como os conhecemos, já que quem hoje ainda compra jornais, na maioria dos casos, são pessoas com mais de 45 anos.
Fernando Martins, após ter afirmado que a mudança, relativa, dos jornais para os blogues foi, essencialmente, devido ao stress numa profissão agreste e desgastante que foi acumulando ao longo dos anos.
Falando sobre os jornais e jornalistas de hoje, afirmou que são os grupos económicos que hoje mandam na Comunicação Social, o que impede que, muitas vezes, os jornalistas não possam fazer honestamente o seu trabalho, quando, por exemplo, são empresas ou pessoas desses grupos que estão em causa.
Denunciar o erro, as injustiças e a mentira, assim como anunciar a verdade e contribuir para um mundo melhor, deve ser a missão de todos os jornalistas, o que hoje não acontece devido a muitos factores, sendo o principal a pressão que é exercida pelo patronato, esquecendo todas as regras deontológicas da profissão de jornalista.
No final seguiu-se um animado debate entre os alunos e os oradores terminando com a directora da instituição,  Cândida, a agradecer a presença dos alunos e convidados, lembrando que é também função da Universidade Sénior, estimular estes debates para que se possa criar o espírito de crítica construtiva e de intervenção social de alunos, professores e convidados.
 
 

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