AFINAR CRITÉRIOS
Por Georgino Rocha
Jesus, a caminho de Jerusalém, vai dando instruções aos seus discípulos: saber optar, estar preparado para os momentos difíceis, aprender a ler os “sinais dos tempos”, apreciar a sobriedade, ver os factos e os acontecimentos com olhos e critérios novos – os de Deus Pai, que brilham nos seus –e estar disposto a pagar a “factura”.
Entretanto, chegam notícias alarmantes: O massacre de galileus ordenado por Pilatos na hora em que matavam animais como forma de prestar culto a Deus. Jesus aproveita a circunstância e, como mestre da vida, mostra o sentido profundo dos acontecimentos. E aduz ainda o exemplo da queda da torre de Silóe que provoca a morte de dezoito pessoas.
Apoiando-se pedagogicamente nestes factos, adianta uma explicação que corrige o modo comum de pensar. As ocorrências da vida pessoal ou colectiva não são castigos de Deus ou retaliação vingativa por qualquer maldade humana. “Eu digo-vos que não” – repete Jesus uma e outra vez.
São antes fruto da instabilidade imposta pelas forças brutas da natureza ou da desordem social provocada pelos detentores do poder e pelo desvio de certas tendências do coração humano.
Deus permanece fiel ao que prometeu em aliança. E respeita religiosamente! A missão e a competência da humanidade consiste em: Cuidar da vida com solicitude, gerir os bens da terra com responsabilidade, contemplar com sabedoria a bondade e a beleza das pessoas e das coisas.
Esta harmonia é sinal claro de que o ser humano é imagem e semelhança divina. Daqui, provém a convicção profunda de que o valor do que se faz não é fonte de méritos, mas sintonia com o modo de ser e de agir de Deus e correspondência ao que em nós existe de melhor. Sintonia e correspondência que proporcionam satisfação alegre, que exigem cuidados redobrados.
E mesmo assim – basta lembrar a parábola da figueira improdutiva – com intermitências que desafiam a paciência e a confiança.