O santo que secava os cravos dos dedos
Na Praia da Barra há uma praceta mesmo em frente à Capela de São João Baptista, muito venerado por gafanhões e forasteiros, nomeadamente veraneantes. A praceta é, sem dúvida, uma maneira de perpetuar a memória do parente de Jesus Cristo e o último grande profeta bíblico, que anunciou, quase em cima da hora, a chegada do Messias, que baptizou no rio Jordão.
Quando visitamos a Praia da Barra, hábito que alimentamos desde que nos conhecemos, não passamos sem olhar para a capela de S. João. Por vezes também entramos para uma curta oração.
O S. João foi sempre um santo amigo. Quando éramos criança, recordamos bem que lhe rezávamos para pedir um milagre que fizesse desaparecer dos nossos dedos os incomodativos e inestéticos cravos. E o certo é que, com ou sem milagre, os cravos desapareciam misteriosamente, de um dia para o outro. A promessa tinha de ser paga.
No dia de S. João, a 24 de Junho, a capelinha enchia-se de ramos de cravos oferecidos pelos miraculados ou por quem apostava na prevenção.
No dia anterior, peregrinos caminhavam apressados para a Barra e por ali ficavam até ao dia seguinte. Outros iam apenas no dia 24.
A capela de S. João, propriedade particular, é de reduzidas dimensões, mas nem por isso deixou de ser espaço de missa dominical, sobretudo em tempo de veraneio. E no pino do Verão, muitos crentes participavam na eucaristia no passeio, por não caberem lá dentro.
A capela pertence, tanto quanto sabemos, aos herdeiros de António Cunha. E há décadas, o Padre José Maria Ribau foi, durante anos, capelão daquele lugar da freguesia da Gafanha da Nazaré.
Fernando Martins