“Naquele tempo, a Escola era risonha e franca...” Este excerto dum poema antigo, declamado pelo pai, nos seus tempos de menina, assomava-lhe agora à memória, com toda a acutilância! Chamava-se “O Estudante alsaciano” e era um grito de patriotismo, da época em que a Alsácia foi anexada à Alemanha, na 2ª Guerra mundial. Gravara-se-lhe na memória o tom épico do poema, aliado à voz sonora e bem timbrada do pai, quando, ao serão e à lareira, evocava o seu passado escolar. Estava inscrito no seu livro da 4ª classe, numa época em que o sentimento patriótico era bem inculcado aos alunos! Hoje, que sentimento nutrem os nossos alunos pela pátria? Terão eles alguma noção do que isso é? Preocupar-se-ão a política e os políticos de hoje em preservar e defender esses valores?
Por isso mesmo, os Americanos, com apenas dois séculos de história e uma nação que é um “melting pot”, conseguem transmitir aos seus cidadãos um conceito de patriotismo tão arreigado. De pequenino se torce o pepino e a história americana assim o comprova!
Perde-se a teacher nestas lucubrações, a propósito do aspecto triste, soturno, que a sua Escola, à semelhança de tantas outras deste país, ostenta, nesta quadra natalícia.
Noutros anos, ainda no passado, era ver a Escola a engalanar-se para a vivência do Natal! Mal entrava Dezembro, começavam os preparativos para a ornamentação da mesma. Praticando uma pedagogia de reaproveitamento e reciclagem de materiais de desperdício, os professores das Artes afadigavam-se a dar, ao recinto escolar, um ar de festa e de acolhimento humano. E... louvor lhes seja feito, pois muito bem o conseguiam!
A teacher, que não pertence à área das Expressões, mas que nutre uma admiração enorme pelo esforço, empenho e sentido artístico dos colegas, rejubilava, ao movimentar-se nesse ambiente colorido, alegre e de espírito natalício!
Este ano foi uma tristeza! O litígio que abalou a classe docente e as exigências desmedidas que lhe foram feitas deixaram os professores extenuados, desiludidos e desmotivados. A tutela da educação... esquece que, para alguns alunos, desprotegidos da sorte, é ali, na Escola, que vivem o seu único Natal!
Mª Donzília Almeida
19.12.08