Ainda Vou Fugir
Ainda vou fugir.
Quero ir para longe, para um país onde se fale uma língua estranha à minha percepção.
Em terra alheia, ouvindo sem entender o fluir de palavras desconhecidas,
adivinharei uma outra fala.
Aprenderei a dizer e a escutar, a escrever e a ler outras sonoridades.
Com ardor e paciência, transmitirei um dialecto sem impostura à língua do meu nascimento.
Dar-lhe-ei uma intimidade atenta e firme,
a transparência do vidro puro.
J. Alberto de Oliveira