Num mundo tão conturbado, como aquele em que vivemos hoje, nomeadamente, no meio escolar, presenciei, hoje, uma cena tão insólita, quanto pitoresca!
Circulava a professora por entre os alunos, para lhes dar apoio nas tarefas que realizavam, quando foi interpelada por um miúdo de 10 anos, com ar vivaço e muito observador:
– A senhora professora que idade tem?
Surpreendida pelo inesperado da pergunta e porque esperava, mais uma vez, ouvir algo pouco agradável, relativo à sua provecta idade, escusou-se a uma resposta imediata e tentou ganhar tempo:
– A idade duma senhora não interessa, muito menos a da tua professora...
Sempre ouvira dizer que não se pergunta a idade a uma senhora! Aquele aluno ainda não vivera o suficiente para já conhecer essas regras de cortesia. Há coisas que só o tempo nos ensina.
O aluno continuava insistente:
– Sabe, é que a senhora parece mais nova! A senhora veste roupa de uma mulher jovem... como as de 30 anos!
Se até aí estava surpreendida com a pergunta do miúdo, então é que ficou perplexa!
À saída da aula, voltou a insistir:
– A senhora parece mais nova que a minha mãe, que tem 37 anos!
É verdade, é verdade!
Uma senhora, no patamar dos sexagenários, ouvir um piropo de tão profunda benevolência, só podia ter uma reacção! Uma enorme hilaridade, algum conforto pelo meio e... sentir a sua auto-estima em movimento ascendente!
Afinal, a Escola também é alfobre de futuros cavalheiros... daqueles que se prezam… quiçá, algum D. Juan...
O sol brilhou, resplandeceu no rosto enlutado da professora, a quem recentemente falecera um ente querido.
E... porque considero que são as coisas boas da vida que nos devem merecer atenção e apreço, aqui vai a narração do episódio.