de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 08 Janeiro , 2009, 17:19

Um estudo recente revela que o número de habitações praticamente duplicou em Portugal nos últimos 30 anos. Sendo o nosso país um dos mais pobres da Europa, no entanto é o segundo com maior número de casas por habitante. Um enorme desperdício de recursos num país que não é rico.
Este absurdo não é novidade. Como também se sabe haver mais de meio milhão de casas desocupadas em Portugal, ao mesmo tempo que inúmeras pessoas não possuem habitação digna desse nome.
Ou, ainda, que muitas famílias estão com a corda na garganta por causa do empréstimo que fizeram para comprar casa. Este é o resultado desastroso de décadas em que faltou coragem política aos governos para reanimarem a sério o mercado de aluguer.
O que implicaria uma revisão realista das rendas antigas. E uma justiça rápida e eficaz, não permitindo que um inquilino permaneça numa casa anos e anos sem pagar renda.
Mas ninguém espere uma correcção a curto prazo desta situação absurda, apesar de o crédito estar agora mais caro e difícil. 2009 é ano de eleições.
Ponto de Vista de Francisco Sarsfield Cabral na Renascença
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Editado por Fernando Martins | Sábado, 27 Dezembro , 2008, 12:17
Francisco José Viegas, escritor e director da revista LER, afirmou, na sua pequena mas oportuna crónica do Correio da Manhã, transcrita depois para o seu blogue, A Origem das Espécies, o seguinte, que aqui ofereço aos meus amigos, para reflexão:

"Segundo parece, o 'jantar de consoada' é cada vez mais encomendado de fora ou servido nos hotéis. Nas sociedades tradicionais, as festas tradicionais são essencialmente domésticas, caseiras, familiares – e Portugal está a mudar de hábitos. Não vem daí grande mal, a não ser a revelação de que as pessoas já não sabem nem gostam de cozinhar. Ou não têm tempo para isso, porque trabalham muito. Também não têm tempo para os seus velhos, e isso é mais grave: por esta altura, há famílias que entregam os seus velhos nos hospitais e dão, em troca, números de telefone falsos para não serem incomodados. Uma sociedade sem generosidade nem compaixão, fria e sem paciência – e com vergonha dos seus velhos, que incomodam e relembram que todos morremos e envelhecemos. É um retrato abjecto."
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Editado por Fernando Martins | Quarta-feira, 17 Dezembro , 2008, 14:14

Hoje quero usar o meu direito à indignação. Um direito nacional que a gente acomodada não usa, esquecendo as conse-quências irreversíveis das omissões.
Ouvi, de fio a pavio, um debate longo sobre a adopção de crianças. Um mundo de técnicos a expender saber, um molho de leis e de determinações recordadas, uma ladainha de casos por resolver ou mal resolvidos, casais estrangeiros como solução para casos de vários irmãos, uma consideração irrealista da família real e um despeito claro pelas instituições, sem qualquer distinção entre as estatais de há muito desagregadas e as que têm experiência de décadas com métodos humanos e sábios e resultados à vista.
Ouvi, fui confrontando com as experiências de que disponho, alarguei o horizonte da reflexão, li e reflecti o tema a partir da vida, que não de modelos importados; lembrei os casos dos meios de comunicação social, entrei em lares e ouvi casais que adoptaram e onde a vida tem sentido, acolhi expressões de alegria e gratidão, enxuguei algumas lágrimas incontidas de dor...
Há anos, depois de ouvir a um membro do governo um lindo discurso sobre a adopção, perguntei-lhe, à queima-roupa, se adoptava um africano ou um deficiente. Considerou a pergunta uma provocação, e não gostou. “Mas saiba que há quem os adopte”, retorqui.
A família, se não a destruírem mais, será sempre o espaço normal, quente e acolhedor, para nascer e crescer. Será também a referência necessária para outras formas que a substituam, quando ela não existe ou perdeu condições para realizar as tarefas que lhe são próprias. O Padre Américo sempre procurou que a Obra da Rua e nas suas casas, se seguissem as regras do viver e dos sentimentos da família.
Assim ele foi tratado, não porque o mandasse ou exigisse, como o “Pai” dos gaiatos que encontrava abandonados e acolhia ou lhe levavam a casa, sabendo que aí havia amor, pão e carinho.
Outras instituições, com o mesmo saber e viver, geraram “mães”, para aqueles que nunca a conheceram e aí chegavam bebés e se tornaram homens e mulheres de bem, capazes de enfrentar a vida. Só o orgulho, o poder prepotente, a ignorância ou o despeito as desconsideram e menosprezam. As instituições sofrem as dificuldades das famílias com êxitos e fracassos como todas elas, mas persistem no amor, sempre capaz de inovar e de aperfeiçoar. Ouçam-se os que aí vivem e crescem para a vida e comparem-se com os das instituições do Estado, onde abundam técnicos, com horários que se contam ao minuto, gente que só suja as mãos com papéis, nunca com as crianças e os adolescentes. Revolta ver jovens licenciadas, com poder mas sem vida que as recomende, falar de cima para baixo, para julgar padres, leigos e gente consagrada que vivem décadas em entrega e doação total a crianças sem família ou como se não tivessem.
Quem teve na sua mãe, ainda que simples e iletrada, a psicóloga mais atenta que corrigia e logo beijava, saberá que não há educação sem amor e afectos, sem paciência e dedicação, sem respeito e entrega, sem gratuidade e perdão, sem regras e atenção diária. Quem teve a graça de uma família, ainda que humilde e discreta, e nela o espaço de aprendizagem de valores morais, relação mútua, prática da verdade, amor ao trabalho, solidariedade com os mais pobres, sobriedade aprendendo a viver com o que se tem, saberá sempre que a família é a melhor escola para a vida e que desconsiderar a família é retirar às pessoas o sentido da vida e à sociedade a sua consistência natural.
Legislar e ver na adopção o remédio, que o é para muitos casos, mas ao mesmo tempo desprezar a família ou torná-la inviável, bem com às instituições que seguem os seus valores, é coisa de néscios e inconscientes. Escutem quem trabalha a sério e as leis serão a favor das pessoas, não dos sistemas. Então, olhar-se-á mais para os educadores capazes de amar, servir e sofrer, que para os degraus da escada onde os meninos podem tropeçar…De onde vieram estes “inteligentes” legisladores e técnicos? Será que na casa dos pais não havia degraus, não havia irmãos a dormir no mesmo quarto?
Para educar e ser educado não chegam diplomas e títulos. Não se dispensa é amor.

António Marcelino

Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 11 Dezembro , 2008, 12:45

Embora só ouça na estrada, sigo sempre, com grande interesse, o fórum da TSF, com as muitas intervenções de rádio ouvintes, que pedem a palavra para dar a sua opinião sobre o tema anunciado. A situação social, a crise que se instalou no país, os problemas do desemprego, da escola, da família, as leis mais discutíveis, o divórcio injusto e compulsivo, as falências de bancos e de empresas, o futebol, tudo por ali passa.
Vou acolhendo quer os gritos de dor, que são os dos eternos atingidos por todas as crises e acontecimentos sociais mais preocupantes para as pessoas individuais, as famílias, os trabalhadores e as pequenos empresários, quer as opiniões coloridas dos simpatizantes e dos partidários, políticos e sindicais, que tanto atacam e desprezam, como louvam e defendem. Há ainda a opinião dos cidadãos sabedores e sensatos…
Não há lugar para responder a opiniões contrárias, nem para polémicas. Todas as opiniões valem como expressões livres e desabafos incontidos. O moderador mantém-se sereno, deixa que cada um se exprima com igual direito, apenas controla o tempo.
É verdade que, também ali, as razões se sobrepõem às opiniões, porque exprimem vida e não teorias. Por outro lado e para além do programa, fica, normalmente por cima, o poder de quem manda e decide e raramente tem tempo para ouvir a voz do povo e lhe pesar as razões. Por baixo, e além do programa, permanece o sofrimento de quem mergulha no duro da vida, na insegurança do presente e do futuro e na dor de quem se sente marginalizado nas opiniões que lhe respeitam e excluído das decisões que o afectam.
Há dias, o tema era a actual crise social e suas consequências que ocupava o espaço e as atenções dos ouvintes e dos participantes. O tempo esgotou-se sem que todos se pudessem fazer ouvir. Surgiu, obviamente, o confronto entre o litoral e as grandes cidades, zonas que mais beneficiam, e o interior do país, carente de muitas coisas fundamentais, com aldeias esquecidas de benefícios, que não do pagamento de impostos. Surgiu o confronto entre as grandes empresas sem rosto, que a um pequeno espirro logo lhe acorrem políticos locais e governantes centrais com paninhos quentes, e as pequenas empresas, que produzem, dão trabalho e geram emprego local, asfixiadas, a pouco e pouco, com leis iguais e atenções e oportunidades diferentes. Empresas que, por mais que gritem, raramente se fazem ouvir. E, mais ainda, milhares de lares sem casa de banho, milhares de famílias com ordenados de miséria, idosos com reformas de igual ordem, milhares de pais sem poderem ajudar os filhos ir mais longe, milhares de pessoas desanimadas e sem saída para problemas prementes, um mundo de jovens sem perspectivas de futuro e de gente que não acolhida, nem respeitada e estimulada.
Hoje as pessoas podem falar e desabafar. Mesmo que exagerem - quando o coração se solta isso acontece com todos nós - há sempre um pano de fundo a espelhar que as coisas não estão bem e que a realidade é dura para muitos, todos os dias, dia e noite.
Estranho é ver como se cala e distorce a realidade conforme os interesses e as conveniências, e como se esquece que, mesmo tendo o país, nas últimas décadas, melhorado em muitos aspectos, há problemas que persistem e outros surgiram, não menos graves que os de ontem. A destruição das famílias, a corrupção nos negócio e na vida diária, a insegurança em tantos meios, a ilusão dos supérfluos e a míngua de pão, aí estão, ao lado de tantos outros, a confirmar que problemas não faltam.
A verdade, moeda rara e pouco corrente, é um direito de todos. Pode abalar prestígios, mas não custa dinheiro. Apenas exige coragem, dignidade e respeito, para que todos, a seu modo, saibam o porquê das crises e se tocam a todos ou apenas e sempre aos mesmos. A verdade é dever de todos mesmo à mesa do café.
António Marcelino
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Editado por Fernando Martins | Sexta-feira, 05 Dezembro , 2008, 13:51
Todos sabemos que não é fácil viver na mudança com alegria, liberdade interior e com critérios que denunciem sabedoria. Os mais velhos carregam hábitos e preconceitos, uma carga difícil de alijar para ver o que traz de novidade a mudança. Os mais novos, porque as experiências de vida ainda não têm para eles grande expressão, mais correm atrás das emoções que das razões. Os do meio, gente mais ou menos sabida, mas não tanto como julga, vivem, por vezes, para si próprios comportamentos de uma adolescência retardada que as mudanças favorecem, mas enchem-se de autoridade e dureza para com os filhos e os de fora, em relação a exigências correntes. Muita gente acaba por ver, depois das dificuldades surgidas, que afinal andava na corda bamba ou instalada à margem da vida real, sem se aperceber das mudanças e seus desafios.
Aprender a viver na mudança é uma das exigências fundamentais da educação e do crescimento. Quer queiramos ou não, quer gostemos ou critiquemos, a verdade é que as mudanças culturais, rápidas mas com anzóis que prendem, não param mais, nem se compadecem com a nostalgia de quem espera que o tempo volte para trás.
Viver na mudança com decisão e serenidade, aprender a ficar de pé nos solavancos da vida, não enjoar no quebrar dos vagalhões que balanceiam o barco, sentir-se acompanhado por quem enfrenta os mesmos desafios sem desanimar, não perder o sentido do que se pretende e quer, assumir a responsabilidade das decisões nos momentos menos claros, perceber o que se está passando e quem o comanda, é muito importante para cada pessoa viva e que assim quer continuar. Indispensável para conviver na família, no trabalho, na politica, na Igreja, nos divertimentos, em tudo.
Muita gente já vai compreendendo que assim é, e tenta preparar-se, sem se retirar da vida, enfrentando os desafios da mesma. Outros permanecem casmurros, contrariam as mudanças evidentes com juízos redutores, à espera que todos lhe dêem razão, nem se apercebendo que cada dia têm menos gente que os ouça ou lhes peça conselho. Também não falta quem expenda opiniões que agradam e dê conselhos superficiais, sem pensar se fortalecem as raízes do pensar e do agir, ou se apenas se fazem cócegas aos ouvidos.
Preparar para a mudança, um problema grave que atinge também a Igreja, pede no caso uma atenção cuidada para reforçar e motivar a fé dos crentes e das comunidades, de modo a enfrentarem os desafios novos, com discernimento e coragem.
Há dias chamou-me a atenção o artigo de uma revista de fim-de-semana que dava pelo título: “Educação: ajude os seus filhos a compreender as mudanças”. A desilusão veio logo, porque eram duas páginas, com aparato e fotografia, apenas para explicar aos meninos e meninas a sua fisiologia. No fundo, o isco é sempre o mesmo. Tratava-se da publicidade de mais um livro, vindo da Califórnia…Na véspera caíram-me os olhos no ecran do televisor, onde uma psicóloga e uma mestra de horóscopos, falavam com gente nova, mais sabida do que se julgava, e a que não faltava a sondagem de rua para ouvir pais e avós opinarem sobre a altura de filhas e netas quebrarem a virgindade…
Neste procurar perceber as mudanças para responder a novos desafios, não se podem esperar ajudas para voos mais altos, de gente de asas cortadas ou que não sabe voar
Preparar para a mudança é matéria educativa em muitos quadrantes da vida, que não só a sexualidade, por importante que esta seja. Nem esta será bem entendida e vivida, sem se perceberem e assumirem as suas razões mais profundas, que vão muito para além do simples cuidado para evitar consequências indesejáveis e de saber os limites do prazer.
Um exemplo actual. Sondagens fiáveis e recentes concluíam que uma percentagem altíssima de pré adolescentes diz que já não pode passar sem o telemóvel? Certamente que são os pais que lhos carregam. Aprender a responder aos desafios das mudanças é aprender a ser livre, a ser pessoa em sociedade, a não ser escravo de nada, nem ninguém.
António Marcelino
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Editado por Fernando Martins | Quinta-feira, 27 Novembro , 2008, 17:18


Refiro-me à Acção Católica. Celebrou agora os 75 anos de existência em Portugal. Foi e continua a ser, na Igreja e para a Igreja, grande escola de formação de leigos militantes, que enriquecem tanto a comunidade cristã, como tornam presente, na sociedade, o Evangelho feito vida.
A minha história está ligada à Acção Católica desde 1958. Padre novo, acabado de regressar de Roma, onde fizera também, por iniciativa própria, estudos relacionados com esta, logo fui designado assistente de movimentos operários e, depois, de diversas estruturas diocesanas. Conheço a história e a realidade da Acção Católica, admiro e continuo a seguir a sua metodologia, experimentei ao vivo o dinamismo que a instituição traz consigo desde sempre, tentei dar-lhe força e lugar na acção pastoral, sofri os seus momentos difíceis, estou-lhe grato pelo número de leigos cristãos que nela se formaram. Pela sua têmpera e coragem, creditaram a acção da Igreja nos diversos meios sociais e em situações diversas em que a militância dos leigos cristãos era não apenas um desafio, mas também um risco, conscientemente assumido.
A Acção Católica hpje, em Portugal, lamentavelmente, não tem a expansão de outros tempos. Os movimentos operários continuam os mais resistentes, porque a vida os oprime mais. As alterações sociológicas dos chamados meios sociais são por demais evidentes. O mundo da escola encontrou derivativos mais propensos a aspirações pessoais, mas menos exigentes e duros, frente aos desafios e compromissos da vida concreta. Mesmo assim, continua a haver, pelo país fora, militantes de qualidade e de horizontes largos, tanto no meio rural agrário, como no mundo escolar, no meio independente e nas associações profissionais.
O Vaticano II assinalou a importância da Acção Católica. Os bispos portugueses também a afirmaram sem reservas. As mudanças sociais e culturais realçaram a sua importância. Porém, os caminhos do laicado parecem agora andar noutra direcção.
A crise vivida na mudança não foi bem lida por muita gente responsável, que mais apontou nos desvios inevitáveis, que no rumo que sempre levara e que fazia parte da sua identidade. Só não pisa o risco em momentos de perplexidade, quem não suja os pés no lamaçal da vida..Até os bispos, lá atrás e num momento difícil, votaram pelo seguro, à revelia da história e do testemunho dos que continuavam a acreditar na Acção Católica porque a conheciam por dentro, nela tinham trabalhado e sabiam ler os sinais e o sentido dos ventos.. Estes votaram vencidos, em contra mão da maioria vencedora. Com o coração a sangrar, mas com a esperança em ponto alto, aguardando a luz da profecia.
A história da Igreja e do laicado apostólico não se faz, entre nós, sem olhar a Acção Católica. O governo de há décadas perseguiu-a, quis pôr-lhe mordaças, anotou os que a acompanhavam e pôs-lhe os rótulos condenatórios de então. Gente da Igreja, sempre a houve, que não gosta de ventos fortes que sacodem e acordam, dei apoio aos governantes. Mas só a verdade faz história. E essa fez-se, a seu tempo.
Quantos jovens formados na Acção Católica, hoje adultos ainda na primeira linha! Quantos outros descobriram e andaram rumos novos nas suas vidas! Quanta gente houve, a acender, corajosamente, o fósforo que rompeu trevas e desmascarou rotinas e mentiras! Quantos projectos solidários inovadores, aparentemente temerários, que mostraram que a fé se vive fora dos templos e não no aconchego dos mesmos! Quantos padres, com militantes ao seu lado, venceram crises, abriram caminhos pastorais novos, contagiaram colegas! Sempre houve cegos e surdos e hoje também os há.
Outros movimentos laicais surgiram na Igreja. Parece que alguns ainda não entenderam que a vocação de leigo, é de ser cristão no mundo e animador evangélico das estruturas sociais. A AC é movimento de fronteira e sem ela as fronteiras estão desguarnecidas.
António Marcelino
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Editado por Fernando Martins | Sexta-feira, 14 Novembro , 2008, 13:05
"A educação é o percurso da personalização, e não apenas socialização e formação para a cidadania. A educação autêntica é a educação integral da pessoa. Isto exige promoção dos valores espirituais, estruturação hierárquica de saberes e de valores, integração do saber científico-tecnológico num saber cultural mais vasto, mais abrangente e mais englobante. Exige igualmente partilha dos bens culturais e democratização no acesso aos conhecimentos, aos saberes científicos e competências tecnológicas, que são património comum da humanidade. Exige ainda promoção do homem-pessoa em recusa do homem-objecto de mercado, rejeição de todas as formas de alienação do ser humano, defesa do primado da solidariedade e da fraternidade sobre o interesse egoísta e a competição desenfreada."

Da Carta Pastoral dos Bispos Portugueses

Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 21 Outubro , 2008, 14:46

Editado por Fernando Martins | Domingo, 19 Outubro , 2008, 12:23

É preciso coragem para agir em favor de quem nada tem

O mundo católico celebra hoje o Dia Mundial das Missões. Hoje, como desde a primeira hora do cristianismo, a missão é um compromisso de todo o baptizado. Sempre de missão se falou e neste dia, em especial, a Igreja Católica não deixará de o fazer de novo em todas as frentes.
Fundamentalmente, porque esse foi o mandato do Mestre. Depois, porque a Igreja acredita e defende que a Boa Nova de Jesus Cristo é passo importantíssimo para a construção de um mundo melhor.
Sem apostar no proselitismo, os crentes têm à sua frente o campo do testemunho como forma indeclinável de propor o Evangelho como código de vida com capacidade de criar uma nova humanidade. Nessa linha, a missão é projecto dos fiéis para todos os dias de todos os anos.
A comunicação social não deixará, por certo, de nos mostrar exemplos concretos de muitos que deixam tudo, temporária ou permanentemente, para testemunhar o Evangelho, na prática diária da caridade e da promoção social, educativa e cultural. Alguns exemplos até nos comovem. Porém, o importante não é ficarmos simplesmente comovidos com tanta doação. Mais do que isso, é urgente que cada um sinta que é indispensável apoiar, por variadíssimas formas, quem dela precisa em terras onde as populações de tudo estão carentes.
Não vale a pena falar desses casos. Eles são suficientemente conhecidos. O que é necessário é conseguirmos coragem para agir em favor de quem nada tem.

Fernando Martins

Editado por Fernando Martins | Sexta-feira, 17 Outubro , 2008, 10:52

Sartre dizia, na sua visão da vida e das relações humanas e sociais, que “o inferno são os outros”. Há gente entre nós, por si e pelos movimentos que representa ou apoia, que quer impor ao país, ante os problemas graves que surgem numa sociedade plural que não se compadecem com uma leitura, ética e culturalmente unívoca, que a Igreja e quem não pensa segundo a “clave progressista e laica” de alguns, são agora o inferno dos políticos, apresados e dogmáticos, que tudo querem resolver por força das maiorias em campo.
Assim se esconjuram e difamam, por todos os meios, esses críticos incómodos que é preciso calar, se possível por caminhos legais, ou ir impedindo que usufruam do lugar a que ainda têm direito, na mesma praça pública, onde se pode ver quem são os verdadeiros democratas e qual o estilo de democracia praticado por gente que o diz ser.
Reconhecemos e afirmamos o legítimo lugar de cidadania de diversas confissões religiosas sediadas no país, e o direito à sua acção, legalmente legitimada. A Igreja Católica, porém, por muitos políticos a mais atacada e desconsiderada por ser a mais incómoda presença actuante, merece, frente aos problemas que se levantam cada dia no país e sobre os quais sente ela o direito e o dever de intervir, uma reflexão especial e cuidada, pois também aí tocam as exigências de um Estado de direito.
Pela acção histórica e realidade actual, apoiadas em actos concretos de grande serviço à comunidade, e pelo acordo internacional, assinado, por justificadas razões, entre a Igreja e o Estado, no qual se estabelece uma relação pública de colaboração leal e de cooperação respeitosa, a Igreja não pode ser tratada pelos políticos oficiais, no governo ou na oposição, como instituição impertinente ou indesejável, quando usa do seu direito de intervenção e age, legitimamente, no campo da sua missão e competência.
Ignorar a história, desprezar a realidade, fazer tábua rasa de acordos legítimos existentes não se pode considerar atitude sensata, nem acção positiva, por parte de quem deve intervir, publicamente e por ofício, na consecução do bem comum da comunidade e no manter do respeito devido aos cidadãos e instituições, que operam na vida da sociedade.
Os preconceitos servem sempre para confundir e atacar, quando a ideologia é redutora, o campo de visão cultural limitado e os interesses imperam. O verdadeiro pluralismo e o regime de separação legalmente acordado não passam por esses caminhos. São formas de construir, não de marginalizar, minimizar ou destruir.
Nas relações abertas entre a Igreja e o Estado, e é como tal que estão reguladas em Portugal por acordo, a Igreja respeita a autonomia e independência do Estado, este reconhece a liberdade e independência da Igreja, a mútua cooperação é regra de acção, e a primazia da pessoa humana, na sua integridade, é o principio orientador comum.
Tudo isto, traduzido na prática de uma normal de convivência e acção respeitosa, não dá, nem pode dar lugar a lutas ou desconfianças. Por isso, deve imperar o diálogo construtivo, a partilha serena dos valores próprios ante os problemas em causa, mormente quando são problemas que tocam em direitos fundamentais das pessoas e instituições que as apoiam, como a família, a escola, a saúde e o bem estar moral.
Ora, em tudo isto, o lugar de intervenção da Igreja é na praça pública e não apenas no interior do templo, como pretendem alguns grupos laicos.
O Estado, como os cidadãos, não têm que ter medo da Igreja. Pelo contrário. Também esta não tem que desconfiar do Estado, nem minimizar a sua acção, reconhecendo a complexidade dos muitos problemas a enfrentar. Quando os responsáveis lutam pelos interesses de todos há que reconhecer que, por vezes, não se pode ir além do bem possível, que acaba por ser o mal menor.

António Marcelino

Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 02 Setembro , 2008, 14:25


Não há duas situações iguais. Mas há algo de comum na mole humana que invade as cidades no final de Verão, nas crianças e jovens que regressam à escola, nos emigrantes que de novo deixam a sua terra, nas aldeias que vêem outra vez partir os visitantes, nas comunidades cristãs que alteram a sua configuração nas celebrações e nas actividades pastorais. Junto a tudo isto o tempo, contado e gerido de outra forma, a disponibilidade para as pequenas coisas, o contacto directo e íntimo com o mar ou a montanha, os sabores da terra que nunca serão transplantados mesmo que se experimentem no local comum de habitação. E a referência ao húmus, à Terra Natal que por qualquer razão difícil de discernir, se deixou, se retoma e abandona com o role de recordações dum passado que tanto se critica e tão ciosamente se ama. E não se trata só da terra. Há pessoas, afectos, linguagens, ambiências, recordações, aventuras e dores comuns, histórias que se contam e só fazem sentido cruzadas pelo olhar de quem melhor compreende todo o cenário da nossa vida. Dir-se-ia que há transparências que só se vislumbram pela linguagem e pressupostos que as histórias comuns constroem.
Chega a hora de varrer a nostalgia e começar tudo, quase como se fosse de novo, com um arranque lento e uma espécie de preguiça dolosa que não é mais que o jogo de mudanças na caixa de velocidades que comanda o nosso passo. Tudo isto porquê? Porque se enquadra na nossa ancestral vocação nómada, peregrina, errante, misturada com os complexos acréscimos que as novas urbes, agregados e ferramentas de trabalho nos impõem. E a que o pão de cada dia obriga. Horários, técnicas, meios de transporte, especialização, leis de mercado, aceleração de mudanças, choque de valores, arritmia de transformações, tudo remexe o nosso íntimo e como que altera as leis milenares que nos deram uma forma de viver e conviver. Melhor? Pior? É a história, onde o plano criador e redentor de Deus tem um lugar, uma explicação e uma esperança de que o caminhar do mundo tem a sua dor e a sua grandeza no Génesis em marcha. E não é preciso muito mais para gostarmos de regressar ao trabalho.

António Rego

Editado por Fernando Martins | Segunda-feira, 28 Julho , 2008, 20:13
Guarita

O Jardim Oudinot vai ser inaugurado em 10 de Agosto, com a oferta de diversas valências à população, que são outras tantas zonas de convívio.
Como disse o presidente da Câmara Municipal de Ílhavo, Ribau Esteves, à Rádio Terra Nova, foi possível criar “um espaço mais agradável, que proporcione uma melhor vivência no jardim”.
Vamos esperar que assim seja, para bem de todos, sobretudo dos que, por estas bandas, não dispensam os ares da nossa ria, com Farol e Forte à vista. Integrada no arranjo do jardim está agora uma réplica da Guarita, que eu bem conheci em miúdo, completamente abandonada. Dizem, e é verdade, que não tem interesse histórico nem arquitectónico, mas está no imaginário de todos os povos da beira-ria. Será, neste caso, um elemento decorativo que não pode ser menosprezado.
Desejo que no Jardim Oudinot haja regularmente animação, no sentido de levar as populações a criarem hábitos de frequência naquele recanto alargado e modernizado, já que dele foram privadas desde que começaram as obras, indispensáveis, do Porto de Aveiro.

FM

Editado por Fernando Martins | Sábado, 12 Julho , 2008, 10:57



HOJE, SÁBADO, 12 DE JULHO

Baptismos de mergulho gratuitos na Praia da Barra.
Não perca esta oportunidade única. Mergulhe em segurança, na companhia de um instrutor credenciado. Uma parceria do Porto de Aveiro com a aveirosub.
Os mergulhos gratuitos vão continuar até Agosto. Aproveite as oportunidades que lhe oferecem.
Informações: 234 367 666, 932 367 667,
aveirosub@aveirosub.com, geral@portodeaveiro.pt

Editado por Fernando Martins | Terça-feira, 08 Julho , 2008, 20:43
A Tita, a nossa cadela de estimação e amiga de todas as horas, já tem chip, há anos.

A partir de hoje [4 de Julho] os novos cães portugueses passam a ter obrigatoriamente implantado um micro processador que os identifica. Os cães passam a ter bilhete de identidade escrito no corpo, e um número único, como se fosse um código de barras. Nada impede que o que se está a fazer aos cães se faça aos humanos e estou convencido que será apenas uma questão de tempo. No século XX muitos humanos estiveram já marcados, como o gado, nos campos de concentração.


ler mais no Abrupto
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Editado por Fernando Martins | Sábado, 05 Julho , 2008, 12:06
Embora a cair em desuso aos fins-de-semana e em tempos de lazer, a verdade é que a gravata faz parte, quase obrigatória, no dia-a-dia de certas profissões. Cá para mim, o uso da gravata, entre nós, está para as relações sociais como o tratamento de doutor está para a afirmação na sociedade e na profissão. Por tudo e por nada, de gravata ou sem ela, há quem pense que sem doutor nada feito. Não seria tempo de restringirmos o uso da gravata e do doutor?
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