de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Sábado, 25 Abril , 2009, 22:24

"Onde estavas no 25 de Abril? Esta pergunta, que Baptista-Bastos fixou sobre a revolução dos cravos, baila muito na minha cabeça. Também eu me questiono com ela, quando o 25 de Abril vem. E afinal onde estava, realmente? Quando a liberdade veio, com a força para muitos de nós desconhecida, tinha eu já 35 anos.Na manhã desse dia, levantei-me sem saber de nada. Como a grande maioria dos portugueses. Estava destacado, profissionalmente, para uma tarefa do Ministério da Educação, ao tempo chefiado por Veiga Simão. Animava bibliotecas populares e outras, promovia e apoiava cursos de adultos, dinamizava instituições de cultura e recreio, formava bibliotecários e preparava professores para a difícil missão de ensinar gente crescida a ler e a escrever. Gostava muito do que fazia. Nesse dia, o concelho de Sever do Vouga estava na agenda. Saí de casa e meti gasolina na Cale da Vila. Nesse ínterim, liguei o rádio portátil para ouvir as notícias. Perplexo, achei estranho sentir o rádio confuso. Avaria? Não. Uma voz anunciava o que estava a passar-se em Lisboa."
Fernando Martins
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João Marçal a 26 de Abril de 2009 às 01:33
Eu acordei mesmo em Lisboa e deparei-me com a novidade que o rádio sem querer deixou passar: as emissões estavam cortadas e na tentativa de encontrar um emissor percorri toda a faixa de FM chegando à frequência da polícia que não sabia o que devia fazer mas que me permitiu com os seus comentários avaliar o que se estava a passar. Fiquei por ali aguardando e à tarde já mais informado fui até ao Quartel do Carmo. A praça defronte estava apinhada de populares e soldados. Ouvi algumas rajadas de metrelhadora contra o quartel que não tiveram resposta felizmente. Cerca das 18:00 H o Dr Marcelo Caetano,aí refugiado, saiu escoltado para o aeroporto depois de entregar o poder ao general Spínola e a tropa regressou aos quartéis. Os populares festejavam e os mais fervorosos partiam montras de bancos e estabelecimentos na baixa lisboeta. Ninguém os continha pois soara a hora da liberdade e as autoridades não sabiam agora qual era o seu papel e não queriam ser apelidadas de contrarevolucionárias. Enfim, foi o expandir de quem viveu oprimido ou de quem não sabe viver em liberdade.
Há quem diga que em Portugal nunca houve revoluções: no dia anterior todos estão com o regime instaurado; no dia seguinte todos alinham pelos vencedores. Pelo caminho ficam alguns que não trataram da mudança a tempo. Mas pelo menos posso exprimir o que senti e isso é já por si uma grande victória.

João Marçal

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