de Fernando Martins
Editado por Fernando Martins | Domingo, 07 Março , 2010, 10:53

PELO QUINTAL ALÉM – 11

 

 
 
 

A MIMOSA

A

ti João Manteiro e

ti Maria Soares

                                                            
Caríssima/o:
 

a. Hoje apetece-me falar dessa planta misteriosa que nos oferece as suas flores ainda no Inverno, muitas vezes em pleno Entrudo. Já tivemos ali uma no quintal, mas a «vigilante» deu ordens para que se arrancasse mais depressa que imediatamente...: é uma praga; fora com ela!

Estás a ver a minha cara...

Mas hoje não tenho palavras que lhe exprimam toda a minha gratidão; um dia vos explicarei quão profunda e sincera ela é...

 

e. Pelas Gafanhas, à borda d'água, as topávamos e as chamávamos de bichaneiras.

Planta que casava bem com as estramagueiras e nos servia de refúgio nas nossas, nem sempre inocentes, brincadeiras infantis.

Quando a floração rebentava, a impaciência ardia-nos cá dentro com mais intensidade: a Primavera estava perto, pertinho, a chuva agora não nos estorvava mais!

 

i. Verdade seja que para além deste encantamento (e convenhamos que trazia sortilégio!) que mais nos oferecia a nossa bichaneira? Umas flores amarelas para pôr numa jarra (mas aí logo o brilho parecia esvair-se...) e uns cavacos para o lume.Ouvíamos falar das características da sua madeira, muito especial...

 

 

 

o. Quanto a usos medicinais, 'nicles'.

As flores têm o seu cheiro próprio e não custa imaginar um chá para uma qualquer enfermidade; porém, não consta que algum curioso ou uma desesperada o tenham experimentado pelas nossas bandas.

Seja como for, os livros dizem...

 

«Útil nos casos de hipocondria e gagueira. A essência Mimosa ajuda a recuperar a liberdade de acção, a auto-confiança, a segurança e a coragem aos retraídos, tímidos, reservados, introvertidos e nervosos.

Algumas espécies do género Mimosa têm sido utilizadas em preparações alucinogénias, ou na medicina popular, como no combate a queimaduras, além de outros ...

A dormideira (Mimosa pudica) contém substâncias que inibem a proliferação e eliminam a bactéria Streptococcus mutans, a principal responsável pelo aparecimento da cárie.

É ainda desobstruente e laxante.»

 

u.  A Mimosa, árvore originária do Sudeste da Austrália e da Tasmânia, foi introduzida em Portugal no século XIX para fixação dos solos no litoral mas tornou-se rapidamente numa espécie invasora de Norte a Sul do País.

O período da sua floração é de Janeiro a Março. As suas flores amarelas deixam um agradável aroma no ar muito característico deste período.

Por não ser uma espécie autóctone e por ser resistente a todos os tipos de solos e climas, o seu rápido crescimento impede o desenvolvimento de espécies de árvores locais. Uma praga, à qual não podemos dar tréguas, um infestante tenebroso, cuja reprodução é intensa e muito rápida.

 

Era considerada pelos antigos egípcios como planta sagrada, símbolo da amizade e da imortalidade.

No simbolismo maçónico, está ligada à segurança ou, em sentido mais amplo, à certeza de que a morte não é a destruição total. Simboliza a magnificência e o poder.

 

Escritores gregos e romanos trataram repetidas vezes desta interessante leguminosa, e poetas vários cantaram-a entusiasticamente.

É de um deles que aproveitamos a lenda que segue:

 
 
«A nimpha Mimosa era tão casta e tão pura que apesar de estar para casar com o pastor Iphis nunca consentira que elle lhe tocasse com os dedos sequer. Na vespera do dia em que devia ser para sempre unida ao eleito do seu coração, encontrou-se por acaso com elle no centro de um copado bosque. Iphis ao vêl-a tão seductoramente bella perdeu a cabeça, e quiz estreitamente unil-a de encontro ao coração. Mimosa conhecendo que não podia fugir ao doce amplexo do seu apaixonado, ficou tão tremula e aterrada, e implorou tão desesperadamente o deus Hymineu, que, este, compadecido, a transformou logo na planta que ainda hoje ao ser tocada por mão profana reproduz a extrema sensibilidade da casta nimpha.»
 
 
 Manuel
 
 

De
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